Após alguns meses de relativo sossego, usuários do sistema bancário que precisam fazer saques em dinheiro -médio e alto valores – voltaram a ser alvo de assaltantes, em Curitiba. A preocupação maior da polícia é com as duplas de ladrões motoqueiros, que agem armados e são violentos. O delegado Rubens Recalcatti, titular da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), informou que esse tipo de ocorrência é de difícil acompanhamento e solução. Ele pede aos clientes e trabalhadores sejam mais cuidadosos quando precisarem sacar quantias maiores de dinheiro.
De acordo com o policial, é possível que quadrilhas especializadas estejam agindo em Curitiba e que podem contar com integrantes de outros Estados. Durante esta semana um motoqueiro-assaltante, Ênio Natali de Camargo, 19 anos, oriundo de São Paulo, morreu ao ser alvejado por um segurança durante a tentativa de levar o malote com R$ 7 mil, que haviam sido sacados de um banco, na Rua Augusto Stresser, Hugo Lange. A troca de tiros aconteceu no interior de uma empresa, no bairro Alto da XV.
Segundo o delegado, a melhor maneira de evitar a ação desse tipo de assaltantes é a prevenção por parte do cliente. “Ele deve evitar ao máximo carregar altas quantias consigo e se não houver outra saída, não deve deixar à mostra o malote de dinheiro. Isso facilita a visualização de olheiros”, explicou Recalcatti.
Ação
O modo de agir das quadrilhas é sempre o mesmo, mas é difícil localizar onde estão e quantos são os integrantes. Para saber qual cliente retira quantias relativamente altas, os assaltantes designam um “olheiro”, que é o responsável pela escolha da futura vítima. Como as quantias maiores nunca são retiradas pelos clientes diretamente nos caixas, a função do olheiro – que normalmente está dentro da agência – fica simplificada, pois basta observar quem vai à tesouraria e sai em seguida com malote ou algum pacote nas mãos.
As características da vítima são transmitidas por celular a outros marginais – que estão fora do banco – e estes passam a seguí-la até o momento ideal para a abordagem. O roubo pode acontecer quando a pessoa entra no carro ou então o veículo é seguido e, durante o trajeto é abordado por dois homens armados e montados em uma motocicleta. É dada a voz de assalto e o malote é levado. Normalmente, os marginais envolvidos no sistema de espionagem se alternam, para não serem facilmente identificados. Outra característica dessas quadrilhas é a violência com que agem.
Passado recente
No início deste ano, Curitiba sofreu com outra grande onda de assaltos cometidos por motoqueiros. O fato mais marcante aconteceu em 15 de janeiro, quando a empresária Taciana Ábila, 27 anos, foi assassinada dentro de seu veículo no início da tarde. A vítima tinha acabado de sair do banco e portava, no momento do roubo, uma maleta com aproximadamente R$ 100 mil que foram levados pelos marginais. Ela foi abordada ao parar em frente ao edifício onde morava, no Juvevê. Havia sido seguida desde o bando por uma dupla de moto.
Outros casos que não resultaram em morte se sucederam até a primeira quinzena de março, quando policiais do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) realizaram a prisão de uma quadrilha cujos integrantes foram identificados como responsáveis por pelo menos 23 ações de roubo utilizando motocicletas. Pelos levantamentos realizados pela polícia, na ocasião, cerca de dez vítimas haviam sido baleadas ou tiveram seus carros alvejados por disparos de arma de fogo durante as abordagens. Nos meses seguintes as ocorrências dessa natureza deixaram de acontecer com freqüência, voltando à tona no final de outubro e novembro.
Dicas
Diante da estratégia utilizada pelas quadrilhas, o delegado Recalcatti passou algumas dicas de procedimento para a população. Ao sacar dinheiro em agências bancárias sempre observar se não está sendo vigiado ou seguido por alguém; em caso afirmativo chamar a Polícia Militar. Se é mantida sempre a mesma rotina de depósito (dias e horários), começar a alterná-la; mudar o itinerário constantemente; malotes de dinheiro sempre chamam atenção, colocá-los dentro de uma bolsa ou mochila; dar preferência a pagamentos com cartões magnéticos ou cheques; utilizar transferência por DOC ou eletrônica (via internet), evitando assim andar com dinheiro em mãos.