Homicida usou nome do irmão

O boxeador Isaías Silva Leonardo, o ?Leo Silva?, 30 anos, levou um susto ao acordar na manhã do dia 28 de dezembro e ouvir seu nome nas rádios e ver a foto de seu irmão estampada nos jornais, acusado de canibalismo. A acusação era de que ele teria matado um aposentado e depois se preparava para comer o coração da vítima. O problema é que, além do nome, os irmãos têm fisionomias semelhantes.

Na realidade, o autor do crime, que ainda está preso no xadrez da Delegacia de Campina Grande do Sul, é seu irmão Agenor Silva Leonardo, 33 anos, que, ao ser preso na madrugada do dia 27, forneceu o nome de Isaías. Ele acabou sendo autuado por homicídio na delegacia de Quatro Barras.

A confusão causada por Agenor, que, segundo Isaías, tem problemas mentais, gerou transtornos para o boxeador. ?Eu dou aula e treino. Fiquei um tempo sem ir na academia por causa disso?, contou. ?Eu fui numa clínica médica e a moça falou: ?Te vi no jornal?. Até explicar que não era eu?, disse.

Na tentativa de convencer as pessoas de que estava havendo um engano, ele chegava a mostrar os dentes. ?Meus dentes estão todos aqui. Esse não tem dente?, recorda.

Apontado como canibal, Isaías disse que evitava até sair de casa, mas mesmo assim virou alvo de brincadeiras dos amigos. ?Diversas pessoas ligaram na nossa casa e perguntavam porque o Leo estava preso e porque tinha feito aquilo?, enfatizou Maria do Carmo Santos Silva, tia dos irmãos.

Devido às festas de final de ano, Isaías só procurou a polícia na última semana para esclarecer o engano. ?Telefonei para a polícia e a delegada pediu para que eu comparecesse com urgência na delegacia. Ela explicou que para todos os efeitos quem estava preso era eu e poderia ter problemas.?

Distância

Isaías contou que seu irmão morava em São Paulo, onde teve vários problemas com a polícia. ?Ele é doente e sempre ameaçava se cortar e arrumava confusão com outras pessoas.? Há dois anos, Agenor mudou-se para Curitiba para tentar uma vida melhor. ?Tentei ajudá-lo. Mas ele começou a beber. Cheguei a interná-lo por causa do alcoolismo, mas ele fugiu da clínica?, lembra. Segundo ele, depois não teve mais notícias de Agenor. ?Só descobri quando vi a foto dele no jornal com o meu nome.?

Após a prisão, Isaías ainda não teve coragem de visitar o irmão no xadrez, mas promete que irá assim que se recuperar do susto. Ele avisa que quer perguntar para Agenor por que ele matou o aposentado Sebastião Calixto, 60 anos, com golpes de caco de vidro na barriga e depois abriu seu peito para comer o coração. Ao ser preso, Agenor alegou: ?Eu ia comer o coração dele porque ele tentou me estuprar?. O boxeador também quer saber por que o irmão forneceu seu nome à polícia e à imprensa. O crime macabro aconteceu no início da madrugada do dia 27, ao lado de um bar da BR-116, na localidade de Palmital, em Quatro Barras.

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