Garoto espancado por policiais rodoviários estaduais

Por estar na hora errada e no lugar errado, o adolescente Andrei da Silva Santos, 15 anos, viveu momentos de terror. Confundido com um dos assaltantes que roubaram um supermercado próximo à Rodovia dos Minérios, no loteamento São João, Andrei foi detido por policiais rodoviários estaduais e espancado.

Com marcas no rosto e com o pé direito lesionado, o jovem contou que ajudava seu avô na empresa. Por volta das 14h, ele saiu a pé para comprar tinta. “Quando passei em frente ao posto rodoviário, um policial me derrubou no chão e começou a me chutar. Ele me acusava de ser assaltante”, lembrou o garoto.

“Depois vieram outros policiais. Eles queriam saber onde estava o revólver. Então, um me deu um tapa. Queriam saber do pacote roubado. Eu dizia que não sabia de nada e só apanhava.”

O adolescente acusa os policiais de o colocarem na viatura e levá-lo para um local ermo, onde foi ameaçado de morte. “Um deles mostrou três bonés e falou para eu usar. Se servisse iria me matar”, relatou o garoto. Segundo ele, só depois que prenderam os “verdadeiros” assaltantes, é que o soltaram.

Denúncia

O pai do garoto, Marcos da Silva Santos, e a mãe, Lenir Jociane dos Santos, levaram o filho para ser medicado. Em seguida, procuraram a delegacia de Almirante Tamandaré, onde registraram o boletim de ocorrência da tortura, e o 17.º Batalhão da Polícia Militar.

O garoto foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML), onde fez exame de lesão corporal no final da tarde de ontem. “Não vou ficar quieta, vou até o fim. Tenho mais filhos”, afirmou Lenir.

Perseguição

Durante duas horas, policiais do 17.º Batalhão da Polícia Militar perseguiram suspeitos pelas ruas do loteamento, no início da tarde de ontem, em busca dos assaltantes.

Três suspeitos foram detidos, e o carro que eles teriam usado na fuga foi apreendido. Porém, nem o dinheiro roubado nem o único bandido que teria entrado no mercado foram localizados.

PM não comenta o caso até denúncia formal

Giselle Ulbrich

A Polícia Militar prefere não se pronunciar sobre a agressão contra Andrei, por enquanto. A justificativa é que ainda não há nenhuma queixa formal do caso junto à corporação.

A assessoria de imprensa da corporação orienta que, sempre que houver algum abuso na atividade dos policiais, que as vítimas registrem o fato. As vítimas podem ir a qualquer sede dos batalhões para fazer a queixa.

A assessoria de imprensa ainda dá outras dicas valiosas, que podem ajudar a identificar os responsáveis pelo abuso policial. A primeira é não reagir. Também não discutir nem tocar no policial e manter a calma.

Discretamente, tentar anotar números de viatura, o nome dos policiais envolvidos, local e hora do fato, para que as informações ajudem a identificar exatamente o autor do excesso.