Família garante inocência de monitor

Sentados lado a lado e de mãos dadas, os pais do monitor de recreação Vinícius de Mattos Faria, 23 anos, acusado de abusar sexualmente de uma criança de cinco anos no banheiro da Loja Caverna do Dino, no Shopping Estação, prestaram uma coletiva à imprensa na tarde de ontem. Transtornada, a mãe, Cléa Santos de Mattos Faria, 49, falou sobre a educação e a boa índole do filho único, do carinho dispensado a ele, e afirmou com veemência a inocência do jovem.

Na presença do advogado Roberto Morozowski, o casal José Maria Campos Faria, 50, e a esposa Cléa, ambos funcionários públicos, desabafaram o sofrimento que estão vivendo desde a prisão do filho, ocorrido no dia 4 de outubro, e sua exposição à mídia. ?Ele é minha vida. Sempre foi bom e honesto. Teve uma infância ótima, cercada de muito carinho. Sempre teve boas amizades e nunca pisou numa delegacia?, disse Cleá, em desabafo permeado de nervosismo e lágrimas.

Monitoria

Os pais contaram que a monitoria de crianças foi o primeiro emprego do filho, que trabalha há 17 meses na loja Caverna do Dino. Desde então, já atendeu mais de 20 mil crianças. Vinícius passou no vestibular para Educação Física em uma faculdade particular, mas teve que trancar a matrícula, porque a família não tinha condições de pagar as mensalidades. ?O sonho dele é ser professor para trabalhar com crianças. Agora ele está preso em Piraquara, com vários presos perigosos. É um absurdo a delegada chamar outros pais e crianças para saber se meu filho as atacou?, contou Cléa.

Segundo o casal, muitas pessoas que conhecem Vinícius, como lojistas do próprio Shopping Estação, estão entrando em contato e se oferecendo para testemunhar a favor dele. Para os pais, o filho é inocente e o inquérito policial, conduzido pela delegada do Núcleo de Proteção a Criança e ao Adolescente (Nucria), Paula Brisola, é inconsistente. ?Ele se ofereceu para prestar todos os depoimentos, ajudou nas investigações e, de repente, a polícia bate lá em casa e ele vai preso. Meu filho não conhece a menina nem a família dela. Acreditamos que houve um erro. Estou falando de coração: meu filho é inocente e nós acreditamos em Deus e a justiça divina vai aparecer?, finalizou a mãe.

Delegada mantém acusação sobre rapaz

Diante do desabafo dos pais de Vinícius, a delegada do Nucria, Paula Brisola, disse que o casal é tão vítima quanto os pais da garotinha que sofreu o abuso sexual. Entretanto, para a delegada não há dúvidas que Vinícius tenha violentado a criança.

Segundo Paula Brisola, é normal que os pais não acreditem que os filhos são capazes de cometer atos que vão contra a educação dispensada pela família. A delegada esclarece que toda investigação levou à autoria de Vinicíus. A prova mais importante foi o reconhecimento imediato da criança. Quando contou aos pais o que havia acontecido, a menina descreveu as características físicas de Vinícius. Dias depois ela reconheceu a foto dele, tirada pela irmã, e na delegacia não titubeou quando o viu. ?Havia cinco homens, cada um com um número. Quando a menina viu Vinícius, ela colocou uma mão na boca e, com a outra, apontou para ele e logo segurou o braço da irmã para se proteger. Depois ela ficou muito abalada?, contou a delegada.

Antes do reconhecimento na delegacia, a menina foi submetida a testes psicológicos para saber se tinha pré-disposição a imaginar coisas ou a mentir, o que foi descartado pelas psicólogas. No final do reconhecimento formal, a criança perguntou para uma das psicólogos se o monitor ficaria preso. ?Ela disse que queria que ele ficasse preso para não fazer o mesmo com outras meninas, porque, segundo ela, dói muito?, disse a delegada, que garante que, se o inquérito estivesse inconsistente, Vinícius já teria sido liberado pelo juiz.

O monitor está preso no Centro de Triagem II, em Piraquara, e o Ministério Público, que ofereceu denúncia contra ele, já pediu para transformar a prisão temporária em preventiva.

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