Desmantelada quadrilha comandada pelo PCC

A polícia de Almirante Tamandaré está derrubando uma quadrilha de assaltantes ligada às facções criminosas PCC, de São Paulo, e PCP, do Paraná. Os bandidos usavam o município como base para assaltos e também o bairro de Santa Felicidade, em Curitiba, e as cidades vizinhas de Rio Branco do Sul e Itaperuçu. Eles vinham agindo há pelo menos seis meses. Ontem, uma mulher foi presa sob acusação de emprestar a casa para reuniões dos assaltantes. Cláudia da Rocha Siqueira, 33 anos, é também acusada de repassar informações para que a quadrilha praticasse dois assaltos, ocorridos recentemente. Ela já havia sido presa no final de junho, mas na ocasião foi liberada.

De acordo com o delegado Germino Marques Bonfim, as investigações, iniciadas em junho, não estabeleceram conexão deste bando com a outra quadrilha organizada de Tamandaré, responsável por homicídios, roubo de armas e tráfico de drogas, nos últimos três anos, que vem sendo desmantelada pela delegada Vanessa Alice.

Detentos

Bonfim calcula que a quadrilha tenha pelo menos vinte integrantes, dos quais doze já estão presos na delegacia da cidade. Outros quatro são detentos que comandavam as ações criminosas de dentro da Penitenciária Central do Estado, em Piraquara. Faltaria prender outras quatro pessoas, entre elas uma mulher, Roseli Nogueira. Ela mora em Itaperuçu e também acobertava os assaltantes em sua casa. “A quadrilha está praticamente desmantelada”, diz o policial.

O delegado afirma que com as prisões efetuadas desde junho – a partir da descoberta de uma central telefônica clandestina que era usada pelo PCC e pelo PCP – pelo menos quatro assaltos de grande monta foram evitados. Três seriam em Curitiba e outro em São Paulo. Um dos detidos confessou que na capital paulista a operação renderia 110 mil dólares.

Informante

Cláudia Siqueira foi detida pela primeira vez há quinze dias e acabou sendo liberada. “Agora temos indícios de que ela tem ligação com o assalto ao Supermercado Boni, ocorrido no início de junho. Cláudia era funcionária do mercado. Também pode ser ela a pessoa que repassou à quadrilha informações sobre os hábitos do proprietário do supermercado, que foi assaltado poucos dias depois. Os bandidos sabiam que ele levava para casa, todos os dias, o malote com dinheiro e cheques para levar ao banco no dia seguinte”, contou Bonfim.

Cláudia negou participação nos assaltos. Casada e mãe de três filhos, disse que só conhece um dos acusados de integrar a quadrilha, Kleber dos Santos Moreira, que está preso. “O Kleber eu conheci porque ele veio de São Paulo com o meu marido, que é motorista de ônibus. Disse que vinha vender uns imóveis em Curitiba. É só o que eu sei”, resumiu a acusada, chorando por ter que se separar da filha pequena. Cláudia disse que o marido está viajando a trabalho e voltaria daqui a uma semana. Para o delegado Bonfim, o marido dela, José Carlos Lino, também estaria envolvido com o bando.

Na ocasião em que Cláudia foi presa, a família denunciou que ela teria sido seqüestrada por policiais de Tamandaré e mantida em cárcere privado por três dias. O delegado Germino precisou explicar a situação para a Corregedoria da Polícia Civil. Ontem ele reafirmou que a mulher havia sido detida, ouvida e liberada, e que foi levada para a Delegacia de Campo Magro (que faz parte da jurisdição de Tamandaré) “por questões de segurança”.

Central telefônica foi o início

A quadrilha de assaltantes de Tamandaré sofreu um grande golpe em 27 de junho, quando policiais lotados naquele município estouraram uma central telefônica clandestina no bairro Fazendinha, em Curitiba. A central estava conectada com quadrilhas de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, lideradas por criminosos do PCC e PCP, e ainda do Comando Vermelho do Rio de Janeiro. Na casa foi presa Rosângela Albino, 23 anos, posteriormente liberada.

A investigação da polícia de Tamandaré havia iniciado no começo de junho, a partir de denúncias. Sete pessoas já haviam sido presas quando a central foi descoberta. De acordo com o delegado Germino Marques Bonfim, o grau de organização da quadrilha é grande. Todo o dinheiro arrecadado em assaltos ia para as facções criminosas. O comando funcionava na Penitenciária Central, em Piraquara. “Através de celulares, presos da PCE entravam em contato com a central telefônica, que repassava informações para marginais em liberdade. Eles organizavam assaltos, aliciavam pessoas para participar, inclusive de outros Estados, compravam armas, e mantinham um esquema bem azeitado”, comentou o delegado.

De acordo com as investigações, o comandante das operações dentro da PCE é um homem conhecido por “Meia-Noite”, que foi identificado como Fábio Carlos Martins, integrante do PCC. Rosângela Albino seria namorada de “Meia-Noite”. Os outros três detentos da PCE ligados ao grupo são conhecidos pelas alcunhas de “Fumaça”, “Fumacinha” e “Trinta e sete”.

Estão presos por participação na quadrilha Márcio Júnior França, Paulo Sérgio Picchi, Gilmar de Oliveira, Vander de Jesus Correia, Robson Natal (o “Faustão”, ligado ao PCC de São Paulo e acusado de seqüestro naquele Estado), Kleber dos Santos Moreira (acusado de ter ligação com o Comando Vermelho), Neuri Castanharo, Carlos Alberto Sales e Silvana Pereira – estes dois últimos, detidos com drogas e acusados de aliciar pessoas para participar dos assaltos. (BM)

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