Corrupção

Denunciado pelo Gaeco, delegado diz que foi tudo armação

O delegado Luiz Carlos de Oliveira, denunciado como um dos envolvidos em corrupção na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, afirmou não ter qualquer ligação no esquema que exigia dinheiro para não fiscalizar autopeças. O crime foi divulgado pela Operação Vortex, deflagrada em abril deste ano pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público.

Na época das investigações, Luiz Carlos era chefe da Divisão de Crimes contra o Patrimônio, que inclui a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV). O Ministério Público encaminhou denúncia à Justiça, na quinta-feira, contra quatro delegados, 15 investigadores, um agente de apoio e três comerciantes do setor de vendas de peças de automóveis usadas.

Grampo

Um dos delegados citados, que chefiava a DFRV, Gérson Machado, disse, em ligação telefônica grampeada, que Luiz Carlos recebia propina para fazer “vistas grossas” em relação às peças de carros roubados vendidas por alguns empresários.

“Acredito que Gerson Machado sabia que o telefone dele estava grampeado e, em retaliação por ter sido desligado, por mim, da Furtos e Roubos de Veículos, citou meu nome nas conversas para me prejudicar. Posso afirmar que não tenho nenhum envolvimento com esse esquema investigado pelo Gaeco”, declarou. Luiz Carlos ressaltou que nunca foi amigo de nenhum dos delegados citados e afirmou que há falhas nas investigações do Gaeco.

O coordenador estadual do Gaeco, Leonir Batisti, afirmou que a função do Ministério Público é investigar irregularidades, levantar provas e apresentá-las à Justiça. Ele negou perseguição e disse que todos os citados na Operação Vortex poderão apresentar suas defesas ao sistema judiciário.

Dólares

Em abril, o Gaeco cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do delegado Luiz Carlos e encontrou 107 mil dólares. O delegado afirmou, ontem, que esse dinheiro é referente a dois prêmios que ganhou em um cassino na Argentina, em fevereiro e março deste ano.

“O primeiro foi de 30 mil dólares e o segundo de 77 mil dólares, tudo devidamente declarado à Receita Federal e com os impostos pagos”, acrescentou. Ele reconheceu que é viciado em jogo há 14 anos. Luiz Carlos mostrou documentos que comprovariam esses ganhos no cassino.

Contra-ataque no passado

Luiz Carlos afirmou, ontem, que o Gaeco está sendo tendencioso em relação às denúncias que envolvem a Polícia Civil. “Por que o Gaeco não deu ênfase às suspeitas de tortura referentes ao caso de Guaratuba, quando vários policiais militares foram denunciados por tortura às duas suspeitas do crime?”, questionou.

O caso ao qual o delegado se refere é a morte de Evandro Ramos Caetano, de 6 anos, morto em suposto ritual de magia negra, em 1992. Beatriz e Celina Abagge afirmaram ter sido torturadas e estupradas por policiais militares para confessar a autoria do crime.