Acusação de estupro leva dois PMs à prisão

Uma gravíssima acusação levou dois policiais militares à prisão, ontem de madrugada. Uma jovem de 18 anos afirma que foi estuprada por um soldado do 13.º Batalhão, fardado e em serviço, durante abordagem rotineira na Vila Nossa Senhora da Luz, Cidade Industrial. O acusado e seu colega de serviço negam a denúncia, mas a vítima reconheceu o suposto autor do crime.

A garota, que trabalha como vendedora em um shopping center e mora na Vila Nossa Senhora da Luz, estava com o namorado e um amigo num Gol, abordado às 3h de ontem por dois soldados uniformizados do 13.º BPM. Segundo os policiais, duas pedras de crack foram encontradas durante a revista de rotina. A garota foi colocada na viatura Parati e retirada do local, sob o pretexto de revelar o endereço do suposto fornecedor da droga.

A partir daí, as versões são contraditórias. A jovem afirma que a viatura parou a certa altura. Um dos PMs a retirou dali e a levou a um terreno, 100 metros adiante, onde cometeu o estupro. O outro policial teria permanecido o tempo todo dentro da viatura.

Já os PMs, em depoimento extra-oficial, negaram terminantemente o estupro. Depois de rodar atrás do suposto traficante, sem sucesso, eles teriam deixado a garota ilesa a quatro quadras do local da abordagem, 20 minutos mais tarde.

Queixa

Ainda durante a madrugada, a jovem, acompanhada de parentes e conhecidos, prestou queixa no quartel central da Polícia Militar. Todos os PMs que estavam em serviço na área foram submetidos a reconhecimento e a garota apontou o suposto estuprador. O acusado e o outro policial que o acompanhava foram presos em flagrante e ficaram detidos no quartel.

O suposto autor do estupro está na corporação há 20 anos e tem na ficha funcional apenas infrações leves, como atraso no serviço e um acidente com uma viatura. O outro é policial militar há um ano.

Os dois PMs, a suposta estuprada e os dois rapazes que a acompanhavam foram encaminhados ao IML para exame toxicológico (que detecta a utilização de droga). "O exame pode ajudar a descobrir se a droga estava com os jovens ou com os policiais", disse o coronel Mário Martins, comandante do 13.º Batalhão. A moça e o policial acusado do estupro passaram por exame de conjunção carnal, cujo resultado ainda não ficou pronto.

Os dois PMs foram autuados por prevaricação – segundo o oficial, por não executarem o procedimento correto, que seria encaminhar os três suspeitos à delegacia ao invés de liberá-los. O policial que acompanhava o acusado do estupro foi autuado como co-autor do crime, por não ter contribuído para evitá-lo.

Além do processo criminal, os PMs serão indiciados por Inquérito Policial Militar. Caso sejam comprovadas as denúncias, segundo o coronel, ambos devem ser expulsos da corporação.

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