Vítimas do Césio 137 serão ouvidas pelo Ministério da Justiça

Representantes do Greenpeace, da Associação de Vítimas do Acidente do Césio 137 e do Conselho Regional de Psicologia (GO-TO) entregaram hoje ao Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, do Ministério da Justiça, um pedido para que o governo dê assistência às vítimas do acidente de Goiânia. Ao receber o vídeo “Césio 137 ? O Brilho da Morte” e os documentos sobre o caso, Perly Cipriano, membro do Conselho, já assumiu o compromisso de agendar para 16 de setembro uma reunião de representantes do órgão com as vítimas, para que elas possam dar seus depoimentos.

Até hoje, 17 anos após o pior desastre radiológico do mundo, as pessoas afetadas ainda não foram devidamente indenizadas e continuam sem auxílio adequado por parte do governo. “Nós exigimos que o governo federal reative a Fundação Leide das Neves Ferreira para que ela possa fornecer assistência – médica, psicológica e social – até a terceira geração das vítimas. Também é necessário que a Fundação tenha participação nas três esferas do poder público”, afirmou Odesson Alvez Ferreira, presidente da Associação das Vítimas do Césio 137.

Para Júlio Oliveira Nascimento, presidente do Conselho Regional de Psicologia de Goiás-Tocantins ? que tem prestado assistência às vítimas do Césio 137 -, é preciso que o governo federal assuma sua responsabilidade pelo episódio de Goiânia. “O governo tem de se comprometer a desenvolver políticas públicas de saúde e resgate da cidadania das vítimas”.

O acidente ocorrido em Goiânia é uma prova da falta de fiscalização e controle dos equipamentos e das instalações nucleares no Brasil. Na época, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia responsável pela fiscalização de materiais e instalações nucleares, não conseguiu impedir a contaminação ocorrida quando o Césio 137 ? um subproduto das usinas nucleares presente nos aparelhos de radioterapia ? foi retirado de um equipamento que estava em um depósito do Instituto Goiano de Radioterapia.

“Antes dos ministérios de Defesa e de Ciência e Tecnologia pleitearem a expansão das atividades nucleares no País, eles deveriam garantir que as fontes radioativas já existentes estivessem sob controle absoluto”, disse Sérgio Dialetachi, da Campanha de Energia do Greenpeace Brasil.

Na noite desta quinta-feira, o Greenpeace projetou, na parede externa do Ministério da Ciência e Tecnologia, uma versão reduzida do documentário “Césio 137 ? O Brilho da Morte”, que relata a situação atual das vítimas do acidente radioativo de Goiânia. O objetivo do protesto era alertar para a insegurança nuclear no Brasil e exigir justiça para as vítimas do desastre. A atividade marcou também os 59 anos da explosão da bomba de Hiroshima, ocorrida no Japão em 6 de agosto de 1945.

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