Verticalização pode levar PFL a reavaliar vice de Alckmin

O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), decidiu procurar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Marco Aurélio Mello, para pedir detalhes da nova interpretação da verticalização das coligações partidárias para as eleições de outubro. Os partidos que se aliarem na disputa presidencial terão de repetir essa aliança nas eleições nos Estados e os que não tiverem candidato a presidente só poderão se associar, localmente, com outro que também não tenha.

Setores do PFL em Estados nos quais o partido mantém alianças com o PSDB e com o PMDB até cogitam a hipótese de o partido abandonar a candidatura a vice-presidente na chapa encabeçada pelo tucano Geraldo Alckmin, em virtude da mudança repentina. Um importante dirigente nacional do partido disse que "a decisão foi um estrago de matar que só ajuda quem está na frente na corrida sucessória".

Cauteloso, o pré-candidato a vice, senador José Jorge (PFL-PE), não fala em abandonar a chapa, mas admite que a decisão é um "tsunami". "Vamos ter que reavaliar tudo em todos os Estados", admite. Segundo Jorge, a decisão é um retrocesso político, "que subordina a política estadual à nacional e não deveria ter sido tomada tão próxima das eleições".

Também no PSDB, o clima é de perplexidade. O presidente do partido, senador Tasso Jereissati (CE), vai reunir-se, daqui a pouco, com Geraldo Alckmin para avaliar o cenário. No PMDB, dirigentes disseram suspeitar que a decisão tenha sido tomada para empurrar o partido para uma aliança formal com o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Se a decisão foi tomada em resposta a uma consulta do PL, que é da base do governo, seguramente isso foi combinado com o Planalto com objetivo de facilitar a reeleição do Lula", disse o deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS).

Na contabilidade dos governistas, PT e PMDB podem aliar-se em 21 das 27 unidades da federação. Diante desse quadro, setores da ala governista acreditam que a mudança das regras pelo TSE fortalece a tese de que o melhor seria fechar com o PT, indicando o vice de Lula.

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