Tristeza de campeão

O município de Foz do Iguaçu, no extremo oeste, região de fronteira com Paraguai e Argentina, além da condição de extraordinário pólo turístico graças ao espetáculo das cataratas, do parque natural e do gigantismo da Usina Hidrelétrica de Itaipu, de outro lado, ostenta o título desabonador de campeão nacional de homicídios de jovens entre 15 e 24 anos.

A triste revelação consta do Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros feito pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e Cultura (OIE), com base em dados relativos ao período de 2002 a 2004. A principal constatação é que a violência migrou das capitais para o interior, especialmente para as áreas de fronteira agrícola, tendo em vista a atração de novos contingentes populacionais e a presença rarefeita do aparelho de Estado, sobretudo na oferta de serviços de segurança pública.

Esse é o balanço típico da aziaga realidade de Foz do Iguaçu, uma cidade que no início dos anos 70s abrigava uma população de 34 mil moradores e hoje tem mais de 300 mil.

Acrescente-se à insustentável explosão demográfica de 506,57 habitantes por quilômetro quadrado, enquanto a média nacional é de 12 habitantes, a vizinhança com dois países e a intensidade de atividades criminosas como o contrabando, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Outro mau presságio levantado pelo Departamento de Estado norte-americano é a suspeita da presença de terroristas islâmicos na tríplice fronteira.

Todo esse caudal de agravantes acaba contribuindo de forma inexorável para o dramático quadro da morte violenta de adolescentes e jovens, a maioria já envolvida direta ou indiretamente com a criminalidade há muitos anos.

A constatação mais chocante, em verdade, um desafio urgente para psicólogos, assistentes sociais, agentes públicos, educadores e técnicos em segurança, enfim, toda a sociedade abalada pelas seqüelas do desequilíbrio social, é a iníqua falta de oportunidades, a informalidade ou o desemprego, portas escancaradas para a marginalidade e a morte precoce de milhares de brasileiros.

Na contramão dos discursos condoreiros, as autoridades estaduais ligadas ao sistema de segurança devem falar menos, arregaçar as mangas e trabalhar mais. Fora disso, o que há são lantejoulas e jatos de espuma…

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