Stédile reitera crítica a passo de “tartaruga” da reforma agrária

O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) João Pedro Stédile disse hoje, no Rio, que não pretende dar trégua nas suas críticas à condução da reforma agrária, que segundo ele “anda a passos de tartaruga”. Stédile defendeu a reforma administrativa do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e afirmou que as ocupações de terra ocorrerão enquanto o governo não acelerar os assentamentos.

“O povo votou no Lula para ter mudanças, mas, como o próprio governo reconhece quando nos pede paciência, elas ainda não aconteceram. O governo pode pedir paciência, mas o nosso papel como movimento social é denunciar e pressionar”, disse Stédile. Ele participou de uma manifestação promovida pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) em frente à Agência Nacional do Petróleo (ANP), no centro do Rio, contra o leilão de licitações de áreas de exploração de petróleo marcado para a próxima semana.

Ele comentou a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a um assentamento rural em Rondônia, onde vestiu mais uma vez um boné do MST, mas não poupou críticas ao governo. “O gesto do presidente sempre nos orgulha muito. O fato de ele colocar o nosso boné é uma demonstração pública de que ele continua um militante da reforma agrária. Outra coisa é o ritmo do programa de reforma agrária do governo Lula.”

Para o líder do MST, o governo não prioriza a geração de empregos ao apoiar o agronegócio e suas máquinas modernas e não estimula a produção de alimentos através da reforma agrária, ameaçada pela política econômica. “Está havendo uma incompatibilidade estratégica entre o que é a política real do (ministro da Fazenda Antônio) Palocci e o que deveria ser a reforma agrária. Se não muda a política econômica a reforma agrária continua sendo a política do Fernando Henrique, uma política de compensação social em que o Incra é apenas chamado a resolver conflitos sociais”.

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