Some testemunha que ia depor no caso da morte de Toninho do PT

A testemunha mais aguardada para a segunda audiência do processo sobre a morte do prefeito de Campinas Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, ocorrida hoje no Fórum da cidade, não foi localizada pelos oficiais de Justiça. Identificada como Jack, a testemunha depôs quando o inquérito ainda estava sob investigação da Polícia Civil, relatando ter ouvido uma conversa que apontava a hipótese de crime encomendado.

Jack informou que era garçom de um bingo de Campinas e teria presenciado uma reunião em que o assunto foi discutido, no início do mês de setembro de 2001. Toninho foi assassinado no dia 10 de setembro do ano passado. O crime foi atribuído a Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, e três membros de sua quadrilha. Apenas Andinho está vivo, os outros três foram mortos em confrontos com policiais civis.

Para a Promotoria, o depoimento de Jack não se sustenta. O defensor de Andinho, Silvio Artur Dias, reconheceu incoerências no depoimento, mas afirmou que Jack se mostrou bem informado sobre assuntos da administração municipal. “Se o depoimento é inverossímil é preciso saber porque ele procurou a polícia para relatá-lo”, questionou a viúva Roseana Garcia.

Roseana e o irmão do prefeito, Paulo Costa Santos, acompanharam a audiência desta quinta-feira, a partir das 9 horas, em que foram ouvidas 18 testemunhas convocadas pelo presidente do Tribunal do Júri, o juiz José Henrique Torres. Andinho esteve presente em alguns depoimentos. Em outros, sua presença foi vetada pelos próprios depoentes.

O Vectra prata, onde estaria a quadrilha de Andinho conforme a polícia, foi citado várias vezes por testemunhas que viram o veículo avançando pela Avenida Mackenzie, onde ocorreu o assassinato, e depois ouviram tiros. Também houve um depoente que relatou ter visto uma motocicleta próximo ao local do crime cerca de duas horas antes.

Inquérito

A Promotoria avaliou que a audiência consolidou as informações do inquérito e que nenhuma novo indício relevante foi apresentado. O defensor, por outro lado, insistiu que a tese da polícia está “à míngua”. Ele disse que irá solicitar uma nova perícia no Palio do prefeito porque há uma perfuração no pára-choque dianteiro ignorada nos laudos apresentados.

Dias afirmou que está levantando provas de que Anderson José Bastos, o Anso, acusado pela polícia de ter sido o autor dos disparos contra o prefeito, não estava em Campinas no dia do assassinato. A polícia acusa Anso a partir do depoimento de outro membro da quadrilha, Cristiano Nascimento de Farias.

No depoimento à polícia, Cristiano disse que Anso, um dos mortos pelos policiais, confirmou ter matado o prefeito e contou que Andinho também estava no carro. Depois Cristiano negou a versão diante do juiz, na primeira audiência, em outubro. Andinho nega o crime.

Roseana acredita que o processo ainda deverá se estender por várias audiências. A advogada da família, Dora Cavalcanti Cordani, informou que não está convicta da participação de Andinho no assassinato e que o desfecho do caso “está longe de acontecer”. “Se o Andinho não for condenado, as investigações recomeçam”, alegou.

A polícia montou um esquema especial no Fórum para reforçar a segurança. O número de policiais envolvidos não foi divulgado. Após a audiência, encerrada por volta de 17 horas, Andinho voltou ao Complexo Penitenciário de Hortolândia, conforme a polícia, para onde foi levado quando chegou a Campinas, vindo do presídio de Presidente Bernardes.

Amanhã, Andinho participa de uma audiência em que é acusado de seqüestrar dois irmãos no distrito de Barão Geraldo, na região de Campinas, no início deste ano. Ele é suspeito de ter participado de 19 seqüestros na região, 12 já denunciados à Justiça pela Promotoria Pública.

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