Serviço bom? Só se for privatizado

A onda de privatizações que se espalhou pelo Brasil nos últimos anos ofereceu uma série de oportunidades para quem estava desempregado. A iniciativa privada foi aos poucos assumindo diversas tarefas do Estado. Na própria iniciativa privada hoje já é comum que as empresas terceirizem tarefas, dando espaço para novas oportunidades de trabalho.

Hoje vemos algumas cadeias públicas sendo passadas para a iniciativa privada e com excelentes resultados. É o caso de Guarapuava, por exemplo, que serviu de modelo para outros estados brasileiros. Sempre que os resultados forem satisfatórios é importante que tenhamos reconhecimento. É o caso dos pedágios, que independentemente do preço praticado pelas praças do Paraná, podemos entender que foi uma iniciativa louvável. Os meios para se chegar nesse processo é que nos causa estranheza. Contratos milionários, cláusulas rescisórias estratosféricas, processos e mais processos na Justiça para se chegar à anulação de uma concessão.

Só não paramos para pensar uma coisa: por que o Estado não presta melhores serviços na sua atividade-fim, e evitar essa entrega sistemática de tarefas para a iniciativa privada?

Todos sabemos que os quadros públicos estão cheios de gente. Que as repartições se espalham e ramificam de maneira descontrolada. Que os gastos públicos crescem como bolas de neve montanha abaixo. O que não se entende é o porquê de aumentar tanto a burocracia, de evoluir de uma forma assustadora os encargos para os contribuintes, enquanto que sorrateiramente, novas secretarias, repartições, assessorias, ministérios e mais ministérios vão sendo criados, sem que a eficiência do serviço público seja notada.

Alguma coisa está errada neste processo. Reformas e mais reformas precisam ser feitas. O enxugamento da máquina, como dizem os políticos, precisa acontecer sem politicagem. O excesso de impostos, juros, taxas e outros compromissos do contribuinte precisam ser revistos. Ninguém suporta mais pagar tantos impostos e olhar que o volume de cargos públicos se multiplicam junto com salários nababescos. O carro está à deriva, já perdeu os freios e continuamos insistindo nos mesmos erros.

O vergonhoso é que os governantes são eleitos cheios de discursos, de boas intenções e não precisam nem meio mandato para se “adaptarem” ao processo de corrupção e mudarem de opinião como quem troca de roupa. Basta notar: dois anos de discursos, falatório, promessas, arremedos de decisões em favor do povo. Depois, outros dois anos de posições trocadas, de povo esquecido, de obras desnecessárias. E as reformas esperadas pelo povo, as modificações necessárias vão por água abaixo. No último ano então, o que se faz é uma coletânea de gente, acertos para o futuro e de muita propaganda mentirosa para enganar o eleitor.

Este, pobre coitado, quase sempre iludido pela propaganda enganosa incorre no mais terrível dos erros: a reeleição. Mais um mandato e outros quatro anos de suplício, de novas promessas não cumpridas, de obras que não servem para nada, a não ser para acomodar os acertos de futuras campanhas.

Que droga! Quando é que isso vai ter um fim? No dia de São Nunca? E se for como na propaganda, que o gordo São Nunca quase nos cai sobre a cabeça?

Osni Gomes

(osni@pron.com.br) é jornalista, editor em O Estado e escreve aos domingos neste espaço.

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