Serra: violência aparece em SP porque se prende mais

O candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, afirmou que as recentes ondas de violência no Estado têm mais visibilidade que em outros Estados porque a polícia paulista prende mais. "O fato é que São Paulo tem mais ou menos 40% dos presos do Brasil e 25% da população. Ou seja, aqui se prende mais", disse na sabatina promovida pelo Grupo Estado com candidatos ao Palácio dos Bandeirantes. Para ele, os ataques atribuídos ao Primeiro Comando da Capital (PCC) seriam uma resposta do crime organizado ao trabalho policial.

Na avaliação de Serra, São Paulo é diferente dos demais Estados por conta de sua complexidade, que soma o tamanho com o grande número de habitantes e o alto grau de desenvolvimento. "São Paulo é um Estado mais complexo, mais diversificado, com maior movimentação da população, tem mais contrastes, até por causa do seu maior desenvolvimento e, talvez, a criminalidade seja mais acentuada.

Entre as sugestões apresentadas para o combate ao crime, Serra destacou a questão da inteligência policial. Segundo ele, é necessário o desenvolvimento de uma nova disciplina nesta área, que ele chamou de "engenharia da segurança". "A gente tem que motivar a engenharia, porque vai desde a construção ao processamento e à informação. É realmente decisivo", observou.

Indagado sobre o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), pelo qual presos de alta periculosidade ficam isolados no sistema carcerário, Serra disse que ele é "muito duro, mas necessário". "O que fazer se você tem dirigentes de crimes operando? Você tem que isolar, não tem jeito.

O candidato do PSDB afirmou que o governo tucano criou mais vagas no sistema carcerário do Estado que o governo anterior. De acordo com ele, o governo de Orestes Quércia (1987 a 1991) criou 8,9 mil vagas, ao passo que os governos de Mário Covas e Geraldo Alckmin (a partir de 1995) criaram 91 mil vagas.

Serra defendeu a continuidade do processo de descentralização realizada pelo governo do PSDB nos presídios e na Febem, que evitou a concentração de detentos na capital, além de investimentos na recuperação dos presos com cursos de qualificação. "O que tem de ser feito é o que vem sendo feito: um processo de descentralização. Não tem cabimento uma criança de Pereira Barreto vir para a Febem da capital, a 600 quilômetros", exemplificou.

O candidato do PSDB não deixou de aproveitar o momento para alfinetar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com ele, o fator que pesa na criminalidade é a criação de empregos, que teria sido insuficiente no governo do petista. "Se tivéssemos tido os 10 milhões de empregos que o Lula se comprometeu, a situação seria outra. Você recruta muita gente para o tráfico de drogas porque não tem oportunidade de trabalho. Isso depende da política macroeconômica", opinou.

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