Secretário da Agricultura fica preso em bloqueio do MST em AL

O secretário de Agricultura de Alagoas, Reinaldo Falcão, foi detido durante quase todo o dia, hoje, por cerca de 500 militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Falcão foi parado pelo grupo na Rodovia AL-220, entre as cidades Olho d?Água do Casado e Delmiro Gouveia, a 280 quilômetros de Maceió. A estrada havia sido bloqueada na noite anterior, em protesto contra a demora para assentar famílias da região.

Segundo o secretário, os sem-terra estavam armados com foices e pedaços de pau. “Eles reivindicam a presença de um representante do Incra para agilizar as desapropriações e pedem que seja garantida a infra-estrutura para os assentamentos”, afirmou Falcão, por telefone. “Quando chegamos para negociar, eles não deixaram a gente sair mais.” Ele foi tomado pelos sem-terra de manhã e libertado só por volta das 17 horas.

A rodovia só foi desobstruída depois da chegada de cem homens da Polícia Militar. Eles aceitaram liberar o tráfego com a garantia de que seriam atendidos por representantes do governo e da superintendência do Incra em Alagoas. A pedido do secretário, oficiais da Comissão de Direitos Humanos da PM intermediaram as negociações.

Os sem-terra foram levados em caminhões até Delmiro Gouveia, onde estão acampados em um galpão do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-AL). Um dos coordenadores do grupo, Genivaldo Moura, de 20 anos, disse que haverá amanhã uma reunião com representantes do Estado e do Incra para analisar as reivindicações.

Excessos

Procurado pela Agência Estado, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, preferiu não se manifestar sobre o episódio.

O ouvidor agrário Gercino José da Silva Filho considerou que houve excessos por parte do MST de Alagoas. “Foi uma ação violenta desnecessária, pois a reunião já havia sido marcada há algum tempo, com a presença confirmada de um representante da ouvidoria.”

O ouvidor reiterou que está mantida para amanhã a reunião com os sem-terra para discutir as ocupações nas Fazendas Flor do Bosque (no município de Messias), Mumbuca (em Murici) e Belo Horizonte (na cidade Novo Lino).

Apesar do impasse de hoje, Silva Filho afirmou que serão mantidos os esforços para preservar os integrantes do movimento nas áreas ocupadas. “Não podemos responder com a mesma moeda.”

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