São Paulo (AE) – Apontado como principal operador do mensalão no PT, e suspeito por comandar o Caixa 2 petista – que ele próprio admite, mas prefere falar em recursos não contabilizados -, Delúbio Soares deve ser expulso do partido. É o que recomenda relatório da Comissão de Ética do PT, entregue hoje (31) ao secretário de Organização Gleber Naime.
Em oito páginas, os cinco integrantes da Comissão de Ética sugerem, segundo fontes que tiveram acesso ao documento, que o ex-tesoureiro do partido seja banido dos quadros da legenda, que ele ajudou a chegar à Presidência da República.
Na apuração interna, os membros da Comissão de Ética apontam ter encontrado motivos suficientes para recomendar a expulsão do ex-dono do cofre petista, afastado, a pedido dele mesmo, "por tempo indeterminado", desde o último dia 6 do PT. "O documento é confidencial. Foi finalizado ontem (30) à noite e entregue de forma protocolar hoje (31)", disse Luix Costa, um dos cinco componentes da comissão.
Costa não quis revelar o teor do levantamento elaborado pelo grupo a que pertence. Disse apenas que a conclusão foi "consensual" entre os cinco integrantes da Comissão de Ética petista. "O Diretório Nacional precisa ter coragem para enfrentar as coisas que estão colocadas no relatório", afirmou. Presidente da Comissão de Ética, Lene Teixeira, também disse que não podia fazer comentários sobre o trabalho realizado. "A comissão foi unânime", afirmou. "A responsabilidade da divulgação do material não é nossa. Ele (o relatório) só deverá ficar público no sábado", declarou Lene.
A expulsão do ex-tesoureiro do PT, mesmo que recomendada pela Comissão de Ética, depende de apreciação pelo diretório petista, da qual fazem parte 83 pessoas – 81 eleitas mais os líderes do partido na Câmara, Henrique Fontana (RS), e no Senado Delcídio Amaral (MS). O relatório está previsto para ser votado no sábado, em reunião marcada às 9 horas na sede do partido, em São Paulo.
Sindicância – Além de levar a voto o relatório sobre Delúbio Soares – definindo assim o destino do ex-tesoureiro no PT -, os integrantes do Diretório Nacional devem analisar no sábado o relatório da Comissão de Sindicância da sigla sobre o caso dos sete parlamentares petistas citados em denúncias. São eles: o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (SP), o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu (SP), e os deputados Professor Luizinho (SP), José Mentor (SP), Paulo Rocha (PA), João Magno (MG) e Josias Gomes (BA).
O relatório a respeito dos parlamentares ainda não foi concluído, o que deverá ocorrer sexta-feira, em reunião dos três integrantes da Comissão de Sindicância, prevista para as 10h30 na sede da sigla.
Às voltas com mais de mil páginas de defesa apresentada por eles a comissão de sindicância criada pelo partido para examinar cada caso se reuniu pela primeira vez na quarta-feira passada, com atraso. A segunda, e provavelmente definitiva reunião, será realizada apenas um dia antes de o texto ser apreciado.
Criada em 16 de agosto, a sindicância foi aprovada pela Executiva petista no lugar de uma proposta de suspensão sumária por 60 dias e abertura de processo na Comissão de Ética para os parlamentares citados. A expectativa é que o relatório da sindicância recomende que os citados sejam também submetidos a uma comissão de ética interna, a exemplo do que ocorreu com Delúbio.