Primeira mulher mulçamana recebe hoje o Nobel da Paz

A ativista iraniana de direitos humanos Shirin Ebadi recebeu hoje, em Oslo, na Noruega, o Nobel da Paz. A data marca o dia dos Direitos Humanos. Ela é primeira mulher muçulmana a ganhar o prêmio. No seu discurso preparado para a cerimônia oficial de premiação, realizada nesta quarta-feira, a juíza de 56 anos lançou uma severa crítica aos Estados Unidos.

Em seu texto, Ebadi acusa o governo norte-americano de ter usado o atentado de 11 de setembro para justificar a violação de tratados internacionais e dos direitos humanos. Sem citar Washington diretamente, ela afirma que “nos últimos dois anos, algumas nações violaram os princípios universais e tratados de direitos humanos, utilizando os eventos de 11 de setembro e a guerra contra o terrorismo internacional como pretexto”. Ela também comentou a situação dos prisioneiros da base norte-americana de Guantánamo que, segundo ela, “estão desprovidos dos direitos estipulados pela Convenção Internacional de Genebra e pela Declaração Universal dos Direitos do Homem “.
Abadi Shirin é a terceira pessoa de crença muçulmana e décima primeira mulher a receber um Nobel. Ela ganhou fama internacional como primeira juíza do Irã, mas foi forçada a renunciar à posição após a Revolução Islâmica, em 1979. Ao falar à imprensa, a advogada insistiu que islamismo, democracia e direitos humanos são compatíveis entre si e garantiu ainda que vai doar a quantia de US$1,4 milhão a grupos defensores dos direitos humanos no Irã, principalmente àqueles dedicados a defender os direitos das crianças e dos prisioneiros políticos.

Casamento aos 13 anos

Em entrevista ao jornal francês Le Figaro, Shirin Ebadi avaliou o regime iraniano de hoje como melhor, se comparado ao de 25 anos atrás. Entre as melhorias do atual governo, ela citou a recente reforma da lei do divórcio iraniana, permitindo à mãe a custódia de seus filhos até os 7 anos de idade e a introdução da lei aumentando a idade mínima permitida para casamento de nove para 13 anos. A iraniana salientou, no entanto, que os direitos humanos e a democracia no Irã ainda estão muito longe do ideal. Ela ressaltou, porém, que conquistas como liberdade de expressão não vêm servidas numa bandeja de prata e muito menos vêm a reboque de tanques de guerra americanos.

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