Presidente do BMG diz que Valério intermediou encontros com Dirceu

Em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, o presidente do Banco de Minas Gerais (BMG), Ricardo Guimarães, disse que a direção da instituição financeira teve dois encontros com o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, em 2003 e outro em 2004.

As duas reuniões, segundo ele, foram agendadas pelo empresário Marcos Valério de Souza. "O Marcos Valério disse que poderia marcar uma agenda (com o então ministro) e efetivamente conseguiu", disse Guimarães.

No encontro de 2004, segundo o presidente do BMG, teria sido discutido com Dirceu "problemas do mercado" por conta da liquidação do Banco Santos. A reunião de 2003, aconteceu no Palácio do Planalto e, segundo Guimarães, teve como objetivo convidar Dirceu para a inauguração de uma fábrica de sua família no município goiano de Luziânia.

Ele afirmou que, neste encontro, não foram discutidos os empréstimos concedidos ao PT e ao empresário Marcos Valério. Participaram da reunião, o empresário mineiro e o ex-tesoureiro petista, Delúbio Soares. O sub-relator da CPMI, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), disse que "há muitas coincidências" na relação entre o banco, Marcos Valério e o governo.

Segundo ele, no dia 17 de fevereiro foi concedido o empréstimo de R$ 2,4 milhões ao PT, três dias antes do encontro com o então ministro José Dirceu. Fruet disse que cinco dias após a reunião, no Palácio do Planalto, foram liberado R$ 12 milhões para a SMP&B, uma das empresas da qual Marcos Valério é sócio. Na CPMI, Guimarães disse que Marcos Valério deu como garantia a este empréstimo um contrato de publicidade da SMP&B com a Eletronorte.

Ricardo Guimarães disse à comissão que o empresário mineiro foi quem indicou a psicóloga Ângela Zaragoza, ex-esposa José Dirceu, para um cargo no BMG. "Na época estávamos analisando a contratação de um psicólogo, foi feita a entrevista e ela mostrou-se apta para a função", afirmou o presidente do BMG. O sub-relator Gustavo Fruet avaliou que as relações de Marcos Valério com a direção do BMG indicam que ele era "um facilitador" nas relações com o governo e o PT.

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