Possível aumento do gás não terá impacto em contas de luz

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, disse hoje à Agência Estado que um eventual aumento no preço do gás boliviano não terá impacto imediato nas contas de luz dos consumidores brasileiros, uma vez que as termelétricas brasileiras a gás não estão despachando energia para o sistema elétrico nacional. Essas usinas só são acionadas para vender energia ao sistema quando os reservatórios de água das hidrelétricas estão baixos, o que não é o caso atualmente. "Em termos reais, (um eventual aumento do gás) pode ter efeito nulo, porque se as usina termelétricas não forem despachadas, não fará diferença."

Kelman destacou que, mesmo que as termelétricas tivessem de fornecer energia ao sistema, no curto prazo não haveria repasse para as contas de luz de um eventual aumento no custo de geração (causado pelo preço do gás), uma vez que os contratos de venda de energia dessas usinas já têm seus preços fixados.

O diretor da Aneel lembrou que, conforme já afirmou a Petrobras, no curto prazo, não deverá haver problemas quanto à disponibilidade de gás boliviano no Brasil. Segundo Kelman, o que se coloca é a questão do preço desse gás e, no longo prazo, da expansão da oferta de gás no Brasil. Kelman ponderou que, com a decisão da Petrobras de não expandir mais a capacidade de importação de gás da Bolívia em 15 milhões de metros cúbicos diários, será necessário o País buscar alternativas. Ele lembrou que a própria Petrobras já mencionou a possibilidade de importação de gás liquefeito, por meio de navios, de países da África, do Oriente Médio ou de Trinidad Tobago.

Ele avaliou, ainda, que as incertezas criadas no setor de gás do Brasil pela decisão da Bolívia de nacionalizar suas reservas de gás e petróleo, associadas às dificuldades ambientais para a expansão a geração hidrelétrica, acabam fortalecendo os argumentos em favor do desenvolvimento da energia nuclear no País. "Na medida em que as alternativas vão ficando mais caras, ou desaparecendo, vai se tornando mais competitiva a energia nuclear", disse Kelman.

O diretor da Aneel ressaltou, entretanto, que isso quer dizer que ele seja favorável à energia nuclear. "Isso é apenas uma análise da situação", disse.

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