Trabalhadores rurais mantêm manifestação em Marabá

Mesmo depois de terem recebido do governo federal, ontem, a promessa de liberação de R$ 156 milhões para infraestrutura e construção de estradas em assentamentos no sudeste do Pará, cerca de 8 mil trabalhadores rurais da região ainda continuavam acampados hoje em ruas e praças que dão acesso ao prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Marabá.

Na última sexta-feira, o juiz federal Carlos Henrique Haddad determinou a desobstrução das ruas bloqueadas na região do prédio do Incra, enquanto a juíza estadual Maria Aldecy Pissolati mandou que o Estado mantenha força policial para conter a violência e a perturbação da ordem pelos agricultores ligados a três entidades – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri) e Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf).

Servidores públicos, inclusive da Justiça Federal, cujo prédio fica na mesma área interditada, há mais de 15 dias estão impedidos de ter acesso aos locais de trabalho.

Haddad fixou multa diária de R$ 10 mil em caso de desobediência e de R$ 100 mil ao MST, Fetagri e Fetraf se eles não desocuparem as ruas. A Força Nacional de Segurança, a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), além da Polícia Militar (PM), têm o aval do juiz para cumprir a decisão. Isto só ocorrerá se os movimentos sociais insistirem em permanecer no local.

Durante reunião, em Brasília, com líderes da ocupação, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, disse que seria melhor desmontarem os acampamentos e deixarem a sede do Incra porque se a ordem judicial não fosse cumprida seria ruim para a causa dos trabalhadores sem-terra.

Eles não ficaram totalmente satisfeitos com o resultado do encontro, afirmando que também querem a desapropriação de terras para assentamentos de 15 mil famílias e não de apenas 8 mil, como prometeu o governo.