PT aprova alianças amplas em encontro nacional

Por uma folgada maioria, os cerca de 1.200 delegados ao 13.º Encontro Nacional do PT, que acontece em São Paulo, aprovaram ontem uma ampla política de alianças, inclusive com as legendas envolvidas no escândalo do mensalão, para apoiar o projeto de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006.

O texto reforça a necessidade de os petistas terem o apoio dos tradicionais aliados de esquerda da legenda, mas deixa aberta a possibilidade de coligações com outros partidos da base aliada de apoio ao governo, desde que, em caso de polêmica, sejam aprovadas pelo diretório nacional da legenda. Além de permitir a aproximação com o PMDB, um sonho petista para tornar mais próxima a vitória já no primeiro turno, o documento aprovado veta coligações apenas com PSDB e PFL.

O texto afirma que as alianças do PT, nos estados e nacionalmente, no primeiro e no segundo turnos, serão baseadas ?exclusivamente em compromissos programáticos e participação nos governos?. Significou um acordo entre a Articulação – Unidade na Luta, corrente de Lula e do presidente do PT, Ricardo Berzoini, e parte da esquerda petista. Motivo: se dependesse dos moderados haveria uma espécie de ?liberou geral? nas alianças. Agora, elas devem passar pela direção partidária, excluem previamente o PSDB e o PFL e tornam possíveis coligações com PP, PTB e PL.

Berzoini – eleito ontem coordenador-geral da campanha do presidente à reeleição – negou, porém, que tenha havido recuo. ?O que houve foi um esforço interno de unidade. Partidos como o PT, que têm base social, não podem se dar o luxo de tomar decisões precipitadas. A discussão do PT com os aliados será em torno de programas. Teremos alianças programáticas e não políticas?, afirmou o presidente petista. Segundo ele, ?a aprovação fortalece a posição da direção do PT no sentido de poder conversar com todos?.

Polêmica

A cúpula do PT vai usar o discurso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez na abertura do 13.º Encontro, na sexta-feira, para defender a liberação de alianças com siglas envolvidas com o escândalo do mensalão. Até um DVD contendo as orientações de Lula será distribuído para os diretórios petistas nos estados.

O capítulo das alianças, porém, ainda promete polêmica. Facções de esquerda, como a Democracia Socialista e O Trabalho, insistiram ontem que o PT deveria expulsar do palanque de Lula partidos envolvidos no escândalo e firmar parcerias apenas com o PC do B e o PSB, que consideram mais próximos. ?Não podemos aceitar o vale-tudo?, protestou o secretário-geral do PT, Raul Pont. ?Vai ser muito constrangedor defendermos coligação com o PTB, com Roberto Jefferson?.

Pronunciamento

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz hoje à noite um pronunciamento pelo Dia do Trabalho em cadeia nacional de rádio e TV. A mensagem vai ao ar às 21h. De acordo com a assessoria de imprensa do Planalto, Lula fará uma homenagem aos trabalhadores ?pela contribuição que estes têm dado ao desenvolvimento do País, e que permitiu ao Brasil iniciar a superação de deficiências estruturais e ingressar na rota do crescimento sustentável?.

Lula deve fazer um balanço das ações de sua gestão em favor do trabalhador, informa o Planalto, sem explicitar quais são elas. Uma das medidas que mais tem sido propagandeada pelo governo é a criação do empréstimo com desconto em folha, o chamado crédito consignado, que permitiu a queda dos juros no financiamento ao consumidor. O presidente também deverá ressaltar os efeitos do controle da inflação, que permitiu a recuperação da renda do trabalhador. Desde o início do governo Lula a massa real de salários cresceu 12,5%.

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