Para Alckmin, Brasil tem muitos partidos

Em meio à sangria do PSDB, que vem perdendo filiados para o recém-criado PSD, o governador tucano Geraldo Alckmin afirmou hoje que o Brasil tem partidos demais e que, se pudesse escolher uma única mudança na reforma política, seria a proibição das coligações nas eleições proporcionais (para deputados e vereadores).

No sistema atual, grandes partidos se unem aos pequenos em busca de mais tempo na propaganda de TV e o resultado final acaba comprometido, com a eleição de candidatos com poucos votos, mas beneficiados pela aliança de várias legendas. “Se proibir a coligação proporcional, já ajuda a democracia brasileira enormemente. Não tem democracia com 40 partidos”, disse o governador durante uma mesa redonda sobre os caminhos para o Brasil, no Fórum Econômico Mundial, no Rio, ao lado do ministro do Desenvolvimento, o petista Fernando Pimentel, e do governador fluminense, o peemedebista Sérgio Cabral.

Mais tarde, em entrevista, embora questionado sobre o PSD, Alckmin evitou falar na nova legenda do prefeito Gilberto Kassab (ex-DEM), mas disse que o excesso de partidos “dificulta a governabilidade”. “Você tem mais de trinta partidos, mas não tem mais de trinta ideologias. Essa fragmentação partidária é ruim para o processo democrático. Começa a ter partidos que você não consegue identificar seu caráter programático e ideológico”, disse. “Não precisa proibir nenhum partido. Quem quiser pode fazer um novo partido, mas precisa ter voto suficiente para eleger seus representantes”, acrescentou o governador de São Paulo.

Alckmin foi mais cuidadoso ao falar em uma possível fusão do PSDB com DEM e PPS. Na véspera, o governador havia elogiado a ideia, que desagrada ao ex-governador e candidato tucano derrotado nas eleições presidenciais de 2010, José Serra. “É um tema delicado, porque é deselegante, não posso falar sobre o DEM, o PPS. Sou favorável a termos menos partidos, mas temos que respeitar as singularidades, as histórias”. Alckmin defendeu também o voto distrital misto e o voto facultativo.