MST invade fazenda de 4 mil hectares no oeste de SP

Um grupo com 60 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) invadiram hoje a fazenda Santa Rosa, em Iacri, a 535 quilômetros de São Paulo, na região de Marília, oeste paulista. A propriedade, no distrito de Anápolis, tem mais de 4 mil hectares e, de acordo com o coordenador do movimento, Luciano de Lima, foi considerada improdutiva pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

O grupo chegou de manhã, em vários carros e um caminhão, e iniciou a montagem dos barracos. A bandeira do MST foi hasteada num mastro improvisado. Os sem-terra ocuparam três das oito casas de colonos que, segundo o líder, estavam vazias.

A propriedade pertence ao espólio do fazendeiro Eduardo Marques e tem áreas arrendadas para criação de gado e produção de cana de açúcar. Policiais militares estiveram na área, acompanhados por herdeiros do fazendeiro falecido. Eles tiraram fotos do local e anotaram as placas dos veículos usados pelos sem-terra. Advogados do espólio devem entrar amanhã na Justiça com pedido de reintegração de posse.

De acordo com Lima, a fazenda faz parte de um conjunto de cinco áreas na região já vistoriadas pelo Incra e consideradas improdutivas. Segundo ele, 150 famílias fizeram cadastros e estão em acampamentos, esperando para serem assentadas. “Queremos que o Incra acelere a desapropriação das terras.”

O grupo coordenado por Lima segue as orientações de José Rainha Júnior, líder do MST da Base, considerado uma dissidência do MST nacional. Os seguidores de Rainha foram responsáveis por 54 das 68 invasões ocorridas no primeiro semestre no Estado, número que colocou São Paulo na liderança das ocupações de terra no País.

Em comparação com o primeiro semestre do ano anterior, as invasões em território paulista cresceram 88,8% este ano, segundo levantamento do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos da Reforma Agrária (Nera), vinculado à Universidade Estadual Paulista (Unesp).