Disputa presidencial

Marina Silva lamenta saída de Ciro Gomes

A senadora Marina Silva (PV-AC), que anunciou ontem afastamento temporário no Senado até o dia 17 de junho, lamentou a decisão do PSB em não lançar o deputado federal Ciro Gomes candidato à presidência da República nas eleições de outubro.

Ela considerou o fato como perda para a democracia brasileira e revelou que não discutiu apoio com o deputado. “Nós não conversamos ainda e respeito esse momento. Ciro me ajudou em vários momentos difíceis no Ministério do Meio Ambiente (Marina foi ministra entre 2003 e 2008) e adquiri uma relação de amizade com ele. No momento oportuno, conversaremos”, disse Marina, que esteve ontem em Curitiba.

Questionada se poderia pegar os votos destinados à Ciro, a senadora disse que o voto é do eleitor, que avaliar a partir do debate e das propostas. “Me perguntam se eu recebo voto da Dilma (Rousseff, pré-candidata pelo PT) ou do Serra (José Serra, pré-candidato pelo PSDB), e eu digo que nem de um e nem de outro. Eu recebo o voto do eleitor”, disse.

A senadora também esclareceu que pediu afastamento para se dedicar à reestruturação do programa do Partido Verde e à elaboração do plano de governo. Segundo Marina Silva, a licença não terá ônus para o Poder Legislativo.

O pedido de afastamento temporário tem base no artigo 43 do Regimento do Senado Federal, que a prevê em casos particulares por até 120 dias. “Não é um afastamento que se requer um suplente”, explica.

Marina também disse que é contra a criação de mais ministérios – o tucano Serra sugeriu criar o Ministério da Segurança Pública. “Criar mais um ministério é empilhar cada vez mais estruturas sem o cuidado com a visão e a gestão. Não é uma questão de criar mais um ministério. É de fazer reforma na segurança pública no Brasil e, a partir daí, você tendo a visão, estabelecer o processo e a estrutura. Pensar em estrutura antes de fazer uma reforma é simplesmente inchar cada vez mais a máquina pública”, analisou.

Outro assunto tratado pela senadora em Curitiba foi a construção da usina Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. A usina é considerada pelo governo federal um projeto essencial para o País, apesar das críticas contrárias à construção.

Segundo Marina, o Brasil tem grande demanda por energia por estar crescendo, mas ainda falta política correta no setor. “Lamentavelmente, não há uma política de planejamento energético que esteja à altura das necessidades do País. Em função disto, você age sempre pressionado pela demanda e cada empreendimento parece caso de vida ou morte. Outro aspecto é que a política de hoje está voltada para a oferta de energia, e não a gestão da demanda. Destes R$ 30 bilhões previstos para Belo Monte, se investíssemos R$ 20 bilhões em assistência energética, teríamos energia de quase três usinas Belo Monte, segundo especialistas”, afirmou.

Marina se reuniu ontem na capital paranaense com empresários, líderes evangélicos e estudantes da Faculdades Integradas do Brasil (Unibrasil), além de militantes do partido.

Hoje, ela vai a Londrina, Norte do Paraná, onde também se encontra com empresários, líderes evangélicos e estudantes, além de participar do 26º Encontro Estadual e Pré-Convenção Estadual do Partido Verde. No evento, serão colocados os nomes de Paulo Salamuni e Rubens Hering como pré-candidatos ao governo do Estado e ao Senado Federal, respectivamente.