Mariana-MG continua sem definição sobre prefeito

“Não sei qual prefeito estará aqui”. Mesmo se houvesse sido pronunciada por um eleitor desligado da política, a frase já soaria estranha. Mas ao sair da boca de alguém que trabalha na prefeitura, a poucos minutos de uma das principais cerimônias cívicas da cidade, a afirmação é no mínimo inusitada. Pois foi o que disse uma funcionária da Prefeitura de Mariana (MG) em relação ao chefe do Executivo municipal que estaria ao lado do governador Antonio Anastasia (PSDB) na celebração do Dia de Minas.

A cerimônia ocorreu no sábado, 16, quando a sede do governo mineiro foi simbolicamente transferida para o município, primeira cidade e capital do Estado. Quase três anos após as eleições para prefeito, a cidade já teve quatro pessoas no comando do Executivo e, a pouco mais de um ano do próximo pleito, o cargo ainda pode mudar novamente de mãos.

Está marcado para 2 de agosto o julgamento de recurso apresentado por Terezinha Ramos e pelo vice Roberto Rodrigues, ambos do PTB, cassados pela Justiça Eleitoral em maio de 2010 por irregularidades na prestação de contas da campanha. Mas o imbróglio começou antes, pois os trabalhistas já haviam ficado em segundo lugar nas eleições.

Eles assumiram porque, no início de 2009, a Justiça já havia cassado o prefeito Roque Camello (PSDB) e seu vice, José Antunes Vieira (PR), por compra de votos. Com a cassação dos dois prefeitos, o Executivo passou às mãos do presidente da Câmara, Raimundo Horta (PMDB). Em dezembro passado, no entanto, houve a troca de comando do Legislativo e, como novo presidente da Casa, Geraldo Souza (PDT), o Bambu, assumiu a prefeitura.

Na sexta-feira, porém, a juíza Luciana Nepomuceno concedeu liminar para que Terezinha voltasse ao cargo. Para a magistrada, há “prova inequívoca” das alegações da ex-prefeita na ação. Mas o PMDB e o PR entraram com mandado de segurança e, ainda na noite de sexta-feira, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Minas (TRE-MG), desembargador Kildare Carvalho, determinou a manutenção de Bambu como prefeito.

“É inconveniente proceder-se a sucessivas alterações na chefia do Poder Executivo”, justificou o desembargador, lembrando que o recurso da petebista será julgado em menos de um mês. Diante da situação, faz sentido a dúvida da funcionária da prefeitura, que participava da organização do Dia de Minas. “Houve tanta mudança. Hoje (sábado), acordamos sem saber quem estaria no palanque”, afirmou.