Estratégia

Lula vai governar mesmo se candidato eleito for Haddad, diz ex-ministro petista

Foto: Estadão Conteúdo

O PT está convicto de ter adotado a melhor estratégia eleitoral mantendo a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso condenado por corrupção, até onde for possível. O levantamento divulgado pelo Datafolha (*) esta semana, que deu ao ex-presidente 39% das intenções de voto, consolida essa posição entre os petistas. Dos mais próximos auxiliares de Lula, o ex-ministro Gilberto Carvalho avalia que a prisão do amigo conferiu a ele uma aura de injustiça e de vítima com as quais o povo sintoniza. O que explicaria, para ele, o desempenho eleitoral nesse momento.

Na campanha, vamos deixar claro para o povo o seguinte: votar no Haddad é votar no Lula. É o Lula quem vai governar. Vamos tirar o Lula da cadeia em algum momento. Até porque ele não vai passar o resto da vida lá. E vai sair direto para o Palácio do Planalto para co-governar com o Haddad. Quem vai governar formalmente é o Haddad”, disse Gilberto Carvalho à Gazeta do Povo.

Gilberto sabe das dificuldades de que a candidatura de Lula prospere na Justiça eleitoral. A transição para o nome do ex-prefeito Fernando Haddad como seu substituto já começou. Em entrevista à Gazeta do Povo na quinta-feira (23), o ex-ministro afirmou que Haddad será a voz de Lula. E mais que isso. O ex-ministro disse que se Haddad for eleito, é Lula quem vai governar.

“Não esperem de nós outra saída. O cara preso cresce na pesquisa desse jeito. É preciso respeitar esse sentimento do povo”, completou.

Ex-chefe do gabinete da Presidência nos oito anos de Lula, Gilberto conta que o partido vai manter a candidatura do petista até o final e que cabe a “eles” impedirem seu registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Não nos caberá cometer a burrice e a injustiça de tirar o Lula da campanha. Se alguém tem que tirar são eles (ministros dos tribunais). E se fizerem isso vão cometer um erro histórico. Será uma afronta a Justiça, as Nações Unidas, que tomou uma posição pela sua soltura, e ao sentimento de justiça do povo. Pagarão um preço, como estão pagando. Todos eles sabem que o processo do juiz Sério Moro (do caso do triplex) não para de pé”.

O ex-ministro também atuou no governo de Dilma Rousseff. Foi chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Para ele, o favoritismo de Lula está associado a uma ligação histórica de parte da população com sua gestão, que permitiu uma “mudança material na vida das pessoas”.

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Lula não gravou para Haddad

No material de campanha que PT acumula para a propaganda de rádio e TV, e também nas redes sociais, não há gravação de uma mensagem de Lula em apoio a Haddad. Essa imagem ou áudio não existe, segundo Gilberto Carvalho.

Naqueles dias no sindicato (que antecederam à prisão de Lula) o Lula não gravou para o Haddad. Não se cogitava ele candidato. Até porque, todo mundo sabe, que o candidato dele era o Jacques Wagner (ex-governador baiano e candidato ao Senado). Mas tem muito material que se aplica a esse momento”.

“Naqueles dias no sindicato (que antecederam à prisão de Lula) o Lula não gravou para o Haddad. Não se cogitava ele candidato. Até porque, todo mundo sabe, que o candidato dele era o Jacques Wagner (ex-governador baiano e candidato ao Senado). Mas tem muito material que se aplica a esse momento”.

Gilberto espera que o presidente seja confirmado candidato e, se não for, que possa ainda gravar para Haddad, mesmo preso em Curitiba, na superintendência da Polícia Federal.

“Seria o fim não permitirem o Lula na TV. Não é possível que vão chegar a esse grau de arbítrio. E se depois houver a cassação (do registro eleitoral) os programas farão a transição para o Haddad com muita emoção e dramatização da dimensão do crime praticado contra o Lula . Vamos usar muito esse sentimento da indignação das pessoas”.

*Pesquisa Datafolha divulgada em agosto mostra que Lula (PT) está na liderança com 39% das intenções de voto, seguido por Jair Bolsonaro (PSL) com 19%. No cenário sem o ex-presidente e com Fernando Haddad (PT), Bolsonaro lidera com 22%, seguido por Marina Silva (Rede) com 16%. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

De acordo com a lei eleitoral, os nomes de todos os candidatos cujo registro tenha sido requerido devem constar na pesquisa eleitoral. Apesar de condenado em 2ª instância e inelegível de acordo com a lei da Ficha Limpa, o ex-presidente Lula foi registrado como candidato oficial do PT e a elegibilidade da candidatura ainda não foi julgada pela Justiça Eleitoral. 

Metodologia: Pesquisa realizada pelo Datafolha de 20/ago a 21/ago/2018 com 8.433 eleitores em 313 municípios (Brasil). Contratada por: Folha de São Paulo e Rede Globo. Registro no TSE: BR-04023/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.

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