Lobão cria fórmula para acalmar presidente paraguaio

O ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, revelou, ontem, que o Brasil poderá propor ao Paraguai a compra da energia de duas usinas hidrelétricas paraguaias como solução para o impasse sobre a energia excedente da Usina de Itaipu.

A proposta, segundo Lobão, seria uma alternativa para que não se alterasse o tratado de Itaipu, mas que, ao mesmo tempo, proporcionasse ao Paraguai receber um valor mais elevado pela energia vendida ao Brasil.

Pelo Tratado de Itaipu, firmado entre Brasil e Paraguai, o país que não consumir toda a sua parte da energia gerada pela binacional (cada um tem direito a 50% do total produzido) tem de vender o excedente ao outro país por um preço fixo, valor que hoje é considerado muito baixo pelo governo paraguaio.

Pela proposta brasileira, que ainda não foi oficializada, o Brasil compraria, a um preço mais condizente com a realidade do mercado, energia das usinas que abastecem o Paraguai, que passaria a utilizar energia de Itaipu que vendia ao Brasil para suprir essa nova demanda.

“O que o Paraguai consome hoje dessas duas hidrelétricas passaria a consumir a mais de Itaipu, e nós compraríamos toda a energia dessas usinas”, explicou o ministro.

Segundo ele, as duas usinas paraguaias somam cerca de 300 megawatts de potência. “Esses são equacionamentos que ainda estão sendo articulados para que possamos ajudar o governo do Paraguai”, disse, ressaltando que o governo brasileiro ainda não fechou a proposta definitiva que será levada ao Paraguai. Uma reunião com o presidente Lula no final da tarde de ontem iria acertar os últimos detalhes.

Lobão disse que o governo também não está fechado na proposta de permitir ao Paraguai a venda da energia excedente de Itaipu no mercado livre brasileiro. Segundo ele, o preço da energia no mercado livre era mais caro há algum tempo, mas hoje ela já equivale ao da energia no mercado cativo.

O presidente Lula viaja hoje para o Paraguai, onde participa, em Assunção, da Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul. Logo após, Lula e o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, tentarão conciliar mais uma vez as demandas paraguaias com o interesse brasileiro, no que diz respeito ao tratado de Itaipu.

Hoje o Paraguai usa menos de 10% de sua parte na produção de energia de Itaipu, vendendo o restante ao Brasil por cerca de US$ 300 milhões anuais. Em recentes entrevistas, o presidente do país vizinho,

Fernando Lugo, disse esperar, ao menos quatro vezes mais do Brasil, ameaçando vender a energia para outros países se o valor não for revisto. Hipótese vedada pelo tratado e à qual o Brasil não tem intenção de fazer nenhuma cessão. A revisão do Tratado de Itaipu é promessa de campanha de Lugo, que chegou a ameaçar, até, romper unilateralmente o acordo.