Lerner sai de cena sem nenhum projeto político

Depois de oito anos ocupando a principal posição de comando no Estado, o governador Jaime Lerner (PFL) se despede do cargo em dois dias sem nenhum projeto político a curto prazo. Mal sucedido na tentativa de fazer seu sucessor no governo e compartilhando a derrota do senador José Serra (PSDB) na disputa para a presidência da República, Lerner decidiu se afastar totalmente da cena política pelo prazo mínimo de um ano. Nesse período, vai retomar sua atividade profissional, a arquitetura, uma reaproximação que já começou este ano quando foi eleito para a presidência da União Internacional dos Arquitetos.

Em 2003, o roteiro do governador já está traçado. Vai viajar muito a Paris, na França, onde fica a sede da UIA. Em Curitiba, Lerner está reformando sua antiga casa no bairro Juvevê, para reativar o Instituto Jaime Lerner, onde pretende reunir alguns companheiros de profissão para trabalhar no que sabe, planejamento de cidades. Era isso que já fazia antes de ser prefeito de Curitiba e governador. Após se reorganizar profissionalmente, o governador irá avaliar se ainda é possível voltar à cena política e de que forma.

Na mudança da política para arquitetura, Lerner deve levar com ele pelo menos um dos integrantes do seleto grupo de seus auxiliares mais próximos, o atual secretário da Casa Civil, Guaraci Andrade, que há anos vem atuando como uma espécie de secretário particular do governador. Guaraci está com Lerner desde a prefeitura de Curitiba. Ele é funcionário aposentado do Tribunal de Contas.

Separação

Outros integrantes do núcleo fiel de colaboradores do governador – a sua secretária, Duda, o ex-secretário especial de chefia de gabinete, Gerson Guelmann e o secretário de governo, José Cid Campello Filho – devem se separar do chefe. Duda está com problemas de saúde e deve se aposentar. Campello Filho volta a trabalhar no escritório que mantém com o pai, no Centro Cívico. ” Minha especialidade é a área cível, administrativa. Volto para o escritório fazer o que sempre fiz”, disse Campello, que entrou no grupo do governador em 90 ainda na prefeitura de Curitiba.

O destino de Gérson Guelman ainda é incerto. O governador tentou acomodá-lo numa das vagas de conselheiro do Tribunal de Contas. Estava quase tudo certo para a indicação – a Assembléia Legislativa estava disposta a passar por cima da exigência do diploma universitário para os ocupantes do cargo – mas o STF (Supremo Tribunal Federal ) decidiu que o lugar era dos procuradores do Ministério Público. Lerner que já havia premiado outros dois de seus leais assessores com cargos de auditores do Tribunal de Contas- Jaime Lechinski e Caio Soares – não conseguiu transformar Guelman em conselheiro. Tenta agora colocar seu ex-chefe de gabinete na equipe do prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi (PFL).

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