Justiça quebra sigilo de ex-diretores de banco

O presidente da CPI do Banestado, deputado Neivo Beraldin (PDT), informou ontem que o juiz federal Sérgio Fernando Moro determinou, a pedido da comissão, a suspensão de sigilo fiscal e bancário de 20 ex-diretores do Banestado e de 16 empresas que negociavam com o banco, privatizado em 2000.

Os nomes dos funcionários e empresas não podem ser divulgados porque estão sendo investigados em processos que tramitam em segredo de justiça, explicou o deputado, que pediu a prorrogação dos trabalhos da CPI por mais um mês.

Na relação dos funcionários com o sigilo quebrado estão dois ex-presidentes da instituição, revelou Beraldin. As empresas e os ex-diretores são acusados de participação em operações de empréstimos que causaram prejuízos ao banco, disse o deputado. Ele informou que se trata de financiamentos que não foram pagos e de empréstimos quitados, mas com descontos e vantagens irregulares.

Lucros

Beraldin também questionou ontem a cobrança de comissão pela Agência de Fomento do Estado pelo resgate e administração dos créditos que o governo comprou do Banestado, durante o processo de saneamento do banco, que totalizariam R$ 1,6 bilhão. Segundo Beraldin, a Agência cobraria 10% de taxa de administração sobre os valores recuperados. E receberia ainda, conforme o deputado, mais 1% mensal sobre o valor do saldo em carteira, ou seja, que o governo ainda não resgatou.

Pelos cálculos do deputado, entre abril de 2001 e agosto de 2003, a agência recuperou R$ 81,9 milhâo e lucrou R$ 33 milhões. “A comissão sobre o saldo em carteira totalizou R$ 25 milhões e a taxa sobre a cobrança R$ 8 milhões. Deduzidas as despesas com a administração da carteira, num total de R$ 299 mil, resultou uma sobra líquida para o Estado de R$ 49 milhões. Isto demonstra que a Agência de Fomento lucra muito mais – e de forma permanente – quando não exerce a cobrança”, afirmou Beraldin.

Ele defende que os valores recuperados sejam integralmente aplicados na redução da dívida do Paraná com o Banco Central relativa aos recursos emprestados para o saneamento do banco.

Depósito de Teixeira sob investigação

São Paulo

– Um depósito de US$ 29.382, feito no dia 30 de julho de 1998, em nome de Ricardo Terra Teixeira, via conta S-405 08, no Banestado de Nova York, está sendo investigado pela CPI do Banestado. Essa transação não aparece na declaração de imposto de renda do dirigente em 1998. Os membros da CPI, inicialmente, estranharam que o nome do presidente da CBF, que constava da lista de brasileiros com contas no banco paranaense entregue pela revista Istoé, tivesse desaparecido da documentação encaminhada pela Assembléia Legislativa do Paraná.

Uma equipe da CPI foi enviada a Curitiba e voltou com a relação original, onde está o nome de Teixeira. Agora, a CPI investiga a procedência e as eventuais conexões do dinheiro, preocupada em estabelecer se tudo foi feito legalmente. Além disso, quer saber se a conta em que houve o depósito pertence a Teixeira.

A assessoria da CBF informou que Ricardo Teixeira estava nos EUA, assistindo ao Mundial Feminino de Futebol, e não poderia ser encontrado.

Depósitos

A CPI do Banestado também investiga depósitos de US$ 1.241.000 de outubro de 1996 em nome do Cruzeiro Esporte Clube, via Banco Rural, época em que o clube era presidido por Zezé Perrela, e em nome do Clube Atlético Mineiro, de US$ 2.876.126, de 22 de dezembro de 1997, quando era presidente Paulo Cury, provavelmente relativos à transação do volante Doriva, com o Porto.

O Senado instalou a CPI do Banestado para investigar o envio de dinheiro para o exterior feito pelo Banco do Estado do Paraná (Banestado). Há a suspeita de irregularidades nas remessas do dinheiro da filial de Foz do Iguaçu (PR) para a filial de Nova York do banco. Uma estimativa inicial era de que R$ 30 bilhões foram para o exterior por essa via.

Voltar ao topo