Freire diz que sem a CPI, há risco de uma desmoralização

O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire, que esteve ontem em Curitiba para participar de mais um ato de filiações ao partido, criticou a pressão que o governo federal está fazendo para tentar inviabilizar a criação da CPI dos Correios. Segundo ele, as denúncias são sérias e têm que ser investigadas com precisão e cuidado: "Não acredito que as pressões consigam retirar um número significativo de assinaturas no documento porque desqualificará quem assim o fizer. E a investigação deve ser conduzida com responsabilidade, sob pena de desmoralizar a atividade política."

Ele disse lamentar que uma empresa com a credibilidade dos Correios esteja envolvida em suspeitas de corrupção, mas enfatizou sempre que a apuração dos fatos é indispensável. Também condenou a posição de petistas e aliados do governo que insistem em apontar no movimento pela criação da CPI uma manobra para desestabilizar o governo, comparando a situação ao que aconteceu com Salvador Allende no Chile, na década de 70, ou com João Goulart no Brasil, em 1964: "Allende e Goulart foram depostos em função de problemas de ordem político-ideológica, mas contra seus governos não pesavam denúncias de corrupção. O que estamos presenciando agora é muito diferente. Não tem o menor sentido acusar quem deseja apurar os fatos e zelar pela correta aplicação dos recursos públicos de estar fomentando qualquer golpe contra a governabilidade", rechaçou.

Decisão acertada

Para o deputado pernambucano, os acontecimentos recentes apenas comprovam que o PPS estava certo em sua decisão de afastar-se da base de apoio ao governo federal: "O que fazia pressupor uma perda lá atrás, quando decidimos pelo rompimento da aliança, hoje se confirma como um ganho. Acho que estamos colhendo os frutos de uma política de coerência com nosso ideário". Freire disse que o PPS está em franco processo de crescimento, recebendo um grande número de filiados em todo o país. Com isso, a intenção é lançar candidaturas próprias no maior número possível de estados e buscar alianças que conduzam a bons resultados eleitorais.

A intenção é lançar chapas fortes principalmente para a Câmara Federal, como forma de afastar o fantasma da cláusula de barreira. Neste momento o PPS trabalha a aproximação com o PDT, em nível nacional, e com o PV, duas agremiações que deixaram a base de apoio do governo Lula por divergências programáticas.

Freire admite que a aliança com o PDT no Paraná fica difícil, uma vez que a legenda brizolista já dispõe de um forte candidato, que é o senador Osmar Dias. Ele não descarta, porém, uma conversa com o PMDB do governador Roberto Requião: "Esse assunto, porém, será decidido pelo diretório regional, que é um dos mais bem estruturados do país". Sobre a sua candidatura à presidência da República, já lançada pelo partido, disse que decorre, em parte, "do envelhecimento precoce do governo Lula".

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