A quarenta dias das eleições, a campanha eleitoral ainda não ganhou as ruas das cidades do interior. Os deputados estaduais, candidatos à reeleição, reclamam que além da apatia do eleitor, as regras estabelecidas pelos juízes eleitorais das comarcas do interior do Estado também estão dificultando a construção do clima de campanha.
Além das restrições estabelecidas na nova legislação eleitoral, que eliminou outdoors e distribuições de brindes, os juízes eleitorais locais estão estabelecendo novas regras para inibir a propaganda eleitoral, queixam-se os deputados. Há cidades onde a pintura de muros está proibida. Em outras, caminhões de som não podem circular nas ruas centrais, onde têm escolas e hospitais.
O deputado Caíto Quintana (PMDB) conta que não pôde registrar sua presença numa festa pública de uma pequena cidade porque estava proibido citar o nome de autoridades no alto-falante da praça. Ele e outros três deputados, Ademar Traiano (PSDB), Nelson Meurer (PP) e Luiz Fernandes Litro (PSDB) passaram despercebidos na festa, que freqüentavam há anos.
Quintana defendeu a uniformização das regras pela Justiça Eleitoral. ?Acho que deveria ser feita uma reunião com os juízes eleitores para normatizar o que pode e o que não pode na campanha eleitoral. Nesse caso específico, eu não encontrei na lei nenhum dispositivo que impedisse a citação dos nossos nomes?, afirmou o deputado.
Renovação
Para vencer as dificuldades na divulgação de suas candidaturas, os deputados estaduais apostam na força do conhecimento de seus nomes entre os eleitores. Organizam reuniões com setores da comunidade e vão fazendo sua propaganda direta, boca a boca. ?Quando a gente consegue conversar, a receptividade é boa?, afirmou Quintana.
A mesma sorte não têm os candidatos sem mandato, que na avaliação dos atuais deputados, são os mais prejudicados com as novas regras, já que não são conhecidos e penam mais para divulgar suas propostas. ?A campanha é ruim para quem está começando?, disse o deputado André Vargas (PT).
Abusos
Conforme o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), as proibições são as mesmas em todo o país. Na maioria das vezes, informou o TRE, o juiz eleitoral apenas imprime mais rigor para evitar abusos na propaganda eleitoral. Um dos exemplos é a pintura dos muros com propaganda. Segundo o TRE, é uma modalidade permitida desde que o muro não seja público e que seu proprietário tenha permitido a propaganda. ?As regras são as mesmas em qualquer lugar. Às vezes, um juiz pode usar mais rigor na aplicação quando há excessos. Mas se estiver havendo alguma diferença, o candidato que se sentir prejudicado deve recorrer à corte do TRE?, afirmou Marden Machado, da assessoria do TRE.
Finanças
Para o deputado estadual Durval Amaral (PFL), a origem da ausência de campanha nas ruas é financeira. ?Não são só o desinteresse e as regras mais rígidas que influenciam. O problema é também de falta de dinheiro dos candidatos?, disse o deputado pefelista, justificando por que não se vê mais nas ruas a profusão de materiais que costumavam dar um ar mais festivo aos períodos de campanha eleitoral.
Amaral afirmou que há uma apatia da população em relação à campanha e aos políticos. E que ainda não dá para prever se isso vai reverter em votos brancos e nulos na eleição. ?Mas deve haver uma redução das projeções do mínimo de votos para se eleger. Quem imaginava fazer cem mil votos, deverá ser eleito com cinqüenta mil?, comparou.