Eleições

Candidatos à Prefeitura de Curitiba fazem debate morno

O prefeito Beto Richa (PSDB) foi mesmo o alvo preferido dos participantes do primeiro debate televisionado entre os candidatos à Prefeitura de Curitiba, realizado ontem, pela TV Bandeirantes.

Apesar de a discussão não ter sido tão quente quanto se esperava (não houve sequer pedidos de direito de resposta), seis dos sete demais participantes do debate, ao menos em algum momento do encontro, fizeram duras críticas à atual administração municipal.

A exceção foi Lauro Rodrigues (PTdoB), que, muito nervoso com sua primeira aparição na TV, teve, até, dificuldades para expor suas idéias. Transporte, saúde e segurança pública foram os temas mais explorados pelos candidatos ontem.

Até mesmo o deputado Fábio Camargo (PTB), que frisou que estava de fora da corrente “todos contra Beto” comentada durante a semana que antecedeu o debate, deu sua alfinetada no prefeito ao, no segundo bloco, questionar o inchaço da máquina pública municipal.

Mas, Camargo depois foi generoso com Beto ao questioná-lo sobre a situação da saúde no município, permitindo que o prefeito candidato à reeleição respondesse a críticas desferidas por outros candidatos anteriormente.

O candidato mais contundente contra o atual prefeito foi Carlos Moreira (PMDB). O ex-reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) partiu para o ataque logo na primeira pergunta que fez, questionando diretamente Beto Richa sobre os gastos com publicidade (R$ 30 milhões no ano, segundo o candidato) e dando a expectativa de que o debate seria mais agressivo.

“É mentira, tua assessoria que te deu essa informação está equivocada. Não preciso de promoção pessoal e quem está usando a mídia é o senhor, com aparições constantes na TV Educativa”, respondeu o prefeito.

Moreira voltou a criticar Richa ao propor que todos os candidatos assumissem o compromisso de, se eleito, enviar anualmente planos de metas à Câmara Municipal.

“Para que todos saibam, quando o prefeito vai fazer a obra que prometeu e poder cobrar. Para não ser surpreendido ao ficar três anos esperando pela obra e só ver ela acontecer no último ano, no ano eleitoral”.

Principal adversária de Beto até o momento, Gleisi Hoffmann (PT) mostrou-se bem preparada para o encontro. Com um discurso bem ensaiado, criticou a falta de vagas em creches, as filas nas unidades de saúde e a falta de planejamento no transporte público, mas aproveitou grande parte de seu tempo para destacar as realizações da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os investimentos do governo federal na capital paranaense.

“De nada adianta construir prédios novos e manter sistemas velhos. É brincar com a vida do cidadão fazê-lo esperar até um ano por uma consulta especializada”, disse a petista sobre a questão da saúde.

Beto Richa, que teve de usar seu tempo para responder as perguntas a ele formuladas e, também as críticas a sua administração feitas em perguntas e repostas de outros candidatos, citou as obras que a prefeitura conseguiu realizar, disse que o sistema de saúde de Curitiba é o melhor do Brasil e dedicou boa parte de seu tempo para falar de segurança pública, “que é questão de responsabilidade constitucional do Estado, mas que a prefeitura está fazendo sua parte, com o aumento do efetivo da Guarda Municipal, as câmeras de segurança e a criação da Secretaria Antidrogas.

Surpreendentemente, outro candidato que atacou o atual prefeito foi Maurício Furtado (PV), citando que Beto Richa foi vice-prefeito por quatro anos, prefeito por mais quatro e, até agora, não conseguiu viabilizar o metrô de Curitiba e, depois acusando Beto de aceitar doação de uma empresa envolvida em irregularidades. O candidato também citou as prioridades do PV: arborização e despoluição de rios.

Os candidatos Bruno Meirinho (PSOL) e Ricardo Gomyde (PCdoB,) também defenderam suas correntes. Presidente licenciado da Paraná Esporte, Gomyde apontou o esporte como soluções para problemas de saúde, educação e segurança pública.

Candidato pela Frente de Esquerda, Meirinho defendeu o passe livre de ônibus para estudantes, criticou as privatizações e declarou que Curitiba é a “cidade modelo de descriminação”, lançando a campanha “Curitiba sem catracas”.

Contudo, o mais constrangedor foi a participação de Lauro Rodrigues no debate. O candidato foi até o final do programa sem conseguir articular uma resposta completa, usando, em algumas ocasiões, menos da metade dos dois minutos que tinha direito.

“É fato que não sou um homem do discurso e não é no discurso que vou fazer campanha. É no olho a olho com o cidadão”, declarou em suas considerações finais.