Pesquisa identifica genes de cereais com ”tolerância” à acidez do solo

Um dos entraves à expansão agrícola no país é a acidez do solo, segundo constatação da Embrapa. Estima-se que 80% dos solos brasileiros sejam ácidos, apresentando elevada concentração de alumínio e, em menor escala, ferro e manganês. Estes elementos prejudicam o crescimento da raiz e consequentemente diminuem a absorção dos demais nutrientes, afetando o desenvolvimento da planta.

A acidez pode ser corrigida com a aplicação de calcário, mas a prática onera os custos de produção, principalmente em novas áreas agrícolas como a região Centro-Oeste, que ainda está em adaptação para a produção de grãos.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo em Passo Fundo (RS), Geraldino Peruzzo, a aplicação de calcário para correção de solo é prática rotineira na agricultura nacional a qual evoluiu muito a partir da década de 50, situação que, junto com o melhoramento genético voltado à tolerância de plantas ao alumínio, permitiu o cultivo de grãos no país. "Com a difusão do Sistema Plantio Direto no país, sem o revolvimento do solo, foi prejudicada a incorporação do calcário nas camadas mais profundas, já que os produtores continuam usando esta prática, mas aplicando o calcário só na superfície do solo", avalia Peruzzo.

Ele lembra também que hoje a pesquisa recomenda para a região Sul a coleta de amostragens de solo no intervalo de três a cinco anos. A quantidade de calcário aplicada varia de duas a quatro toneladas por hectare, ao custo de R$ 120,00 a 240,00/ha, valores que podem aumentar quando se referem a região Central, em função do frete, já que aí os solos exigem correções da acidez até estabilizarem as mudanças bioquímicas do ambiente.

No caso dos cereais de inverno, a tolerância ao alumínio foi um dos grandes desafios para a implantação da triticultura nos países tropicais. A pesquisa da Embrapa Trigo sempre se preocupou em avaliar a capacidade de adaptação aos solos ácidos (com alumínio) de cultivares criadas ou introduzidas no país. "Via melhoramento genético, foram desenvolvidas cultivares mais tolerantes ao alumínio, tendo-se como base a cultivar Polissú, selecionada a partir de trigos coloniais do interior do Rio Grande do Sul, e as linhas Alfredo Chaves, que foram usadas nos primeiros cruzamentos de trigo no país, por Iwar Beckman, a partir de 1925.

Bekman foi o criador do trigo Frontana, em 1940, determinando uma nova fase na triticultura brasileira, que segui-se com a incorporação de novas e melhores características agronômicas, como resistência a doenças e elevação do potencial de rendimento", explica o pesquisador Gilberto Cunha.

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