Pecuaristas do Paraná já consideram inevitável prejuízo com aftosa

A suspeita de febre aftosa em bovinos no Paraná já começa a preocupar
pecuaristas e entidades representativas do setor, antes mesmo do resultado dos
exames que estão sendo realizados no laboratório do Ministério da Agricultura em
Belém (PA). "Que vai ter prejuízo é evidente, mas temos que ver como isso vai se
acomodar no futuro", disse o assessor da presidência da Federação da Agricultura
do Paraná (Faep), Carlos Augusto Albuquerque. Essa é a resposta que a entidade
dá desde ontem (21) para os pecuaristas que telefonam querendo saber o que fazer
após o anúncio da suspeita de aftosa em 19 animais de quatro
propriedades.

O Paraná tem um rebanho de pouco mais de 10 mil cabeças de
bovinos (cerca de 5,5% do rebanho nacional) espalhadas por 214,9 mil
propriedades. A exportação envolve aproximadamente 15% do volume, representando
US$ 5,3 milhões por mês. Auto-suficiente, o Estado ainda coloca grande parte no
mercado interno, sobretudo em São Paulo. Visivelmente preocupado com a situação,
o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes do Paraná, Péricles Salazar,
não quis informar os dados do mercado interno hoje, alegando que estava muito
ocupado. "É muito cedo para qualquer avaliação", ponderou.

De acordo com
Albuquerque, o problema irá trazer reflexos negativos para o Estado por pelo
menos seis meses. Por ser passagem para cargas que vêm das regiões sudeste e
centro-oeste em direção aos outros Estados do Sul, o fechamento das fronteiras
paranaenses pode respingar também em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, um
grande comprador de costelas do centro-oeste. Além de prejudicar frigoríficos de
outras regiões que não terão o trânsito livre. "Ainda não sabemos como tudo isso
vai se acomodar", afirmou. A expectativa é que, com o fluxo interestadual
interrompido, a carne possa ser redirecionada internamente.

A preocupação
também é grande para os produtores de suínos, um segmento bastante
representativo no Estado. Ele vinha tendo um crescimento acentuado. No primeiro
semestre tinham sido abatidos quase 6 mil animais a mais do que no mesmo período
do ano anterior, totalizando 1.714.752 suínos. Com os problemas no Mato Grosso
do Sul, o mercado externo já tinha embargado pelo menos 80% das compras, o que
representa cerca de US$ 14 milhões ao mês. Agora fecham-se também as portas do
mercado interno.

"Vamos enfrentar o problema com muita determinação",
afirmou o secretário da Agricultura, Orlando Pessuti. "Todos os setores
envolvidos na cadeia da carne bovina, da carne suína, da carne de frango, do
leite, dos ovos, estarão sendo mobilizados para que enfrentemos isso com muita
tenacidade." Segundo ele, o Paraná já vinha perdendo quando teve aftosa no Rio
Grande do Sul no Pará, no Amazonas e em Mato Grosso do Sul. "Agora piora um
pouco mais a situação e temos que trabalhar mais, porque, se estamos preocupados
com a aftosa por causa do boi, a preocupação maior tem que ser em relação aos
suínos, pois aí sim o Paraná é um dos grandes na produção e exportação",
acentuou.

Voltar ao topo