Partidos grandes tentam atrair ‘zumbis’ para bancadas

Determinados a aumentar suas bancadas e assim ter maior poder de negociação e pressão sobre o Palácio do Planalto durante votações importantes no Congresso – vença a eleição Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou Geraldo Alckmin (PSDB) -, os grandes partidos já buscam atrair os deputados das legendas que não conseguiram 5% da votação em todo o País e pelo menos 2% em nove Estados

"Nós estamos abertos para receber adesões", diz Michel Temer, presidente do PMDB, partido que elegeu 89 deputados e fez a maior bancada da Câmara. Ele acha que a procura será grande e que terá até de fazer uma triagem. Temer já conversou com os dirigentes de PTB, PL e PTC

Ele reconhece que quanto maior a bancada, mais poder de negociação com o governo ela terá no futuro. "O partido que tiver maior número de deputados será decisivo em qualquer iniciativa governamental.

Para a composição da Mesa Diretora e da escolha das comissões vale o número de eleitos no dia 1º de outubro

A exigência de que os partidos obtivessem na eleição deste ano um porcentual mínimo de votos consta da Lei dos Partidos Políticos e é chamada de cláusula de barreira. Entrará em vigor em fevereiro, com a posse dos novos parlamentares

Como 14 dos 21 partidos que elegeram deputados não conseguiram os índices mínimos exigidos pela lei, 118 deles terão atuação limitada, sem direito a gabinete de liderança, líder e escolha de comissões permanentes, como a de Constituição e Justiça e Educação, nem poderão participar de CPIs. Formarão a maior bancada da Câmara, com 23% dos deputados

Esses parlamentares, apelidados de zumbis, vivem hoje uma intensa movimentação e contatos entre si, na tentativa de encontrar uma solução para evitar que permaneçam na condição de deputados de segunda categoria

Os partidos da chamada ‘esquerda democrática’ – PPS, PV e PHS – já entabulam conversações desde antes da eleição. O presidente do PPS, Roberto Freire (PE), propôs que eles se fundam, ultrapassando, assim, a cláusula de barreira. ‘Poderemos construir um estatuto de forma que cada um tenha a sua autonomia.

O PV tem interesse em manter a conversa, mas vê como inconveniente apenas a possibilidade de mudar de nome, uma marca mundial. Nos encontros entre os dirigentes dos três partidos, foi falado até na possibilidade de a nova legenda transformar-se em PVS, ou Partido Verde Socialista. Mas logo surgiram óbices, porque ser ‘verde’ tem uma concepção diferente da ‘socialista’.

Partidos como o PC do B e o PSOL decidiram, pelo menos por enquanto, não fazer nenhum movimento de fusão. Acham que da Câmara podem denunciar a cláusula de barreira, que consideram uma ameaça à convivência democrática dos partidos.

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