Marcha

Vadias voltam às ruas em protesto contra o machismo

A Praça 19 de Dezembro, mais conhecida como praça do Homem Nu, recebe a Terceira Marcha das Vadias. O evento, que no ano passado reuniu cerca de cinco mil pessoas em Curitiba, tem por objetivo combater o machismo, pede o fim da culpa da vítima em casos de agressão sexual e propõe ainda o enfrentamento à violência doméstica. Segundo uma das organizadoras da marcha, Thayz Athayde, “o movimento é sobre a culpa dos nossos corpos, mas também sobre os gays que saem nas ruas de mãos dadas e são discriminados”.

Thayz informa dado preocupante. “A cada semana uma mulher é estuprada em Curitiba. Entre os estados em que mais morrem mulheres no País, o Paraná está em terceiro lugar”, conta. De acordo com Thayz, a cada 24 segundos uma mulher é violentada no Brasil e, entre as cidades, Piraquara, é a segunda cidade em que mais se mata mulher.

De acordo com o grupo organizador da marcha, a violência do machismo deixa marcas e destrói vidas. Normalmente o agressor não é alguém desconhecido. Geralmente é uma pessoa do círculo de convivência, na qual a vítima confia.

Rota

A marcha vai passar pela Rua Barão do Serro Azul, Praça Generoso Marques e calçadão da XV de Novembro, terminando na Boca Maldita. Durante o trajeto acontecerão atos para marcar as diferentes formas de opressão contra a mulher. As paradas vão abordar questões como aborto, Estado laico, violências contra a mulher negra, estatísticas de violência no Paraná, entre outras. “Ano passado foram cinco mil pessoas, acreditamos que esse ano vai aumentar. Todos são bem-vindos”, declara Thayz. Para ela, a violência contra a mulher é uma epidemia que precisa ser combatida.

Tudo começa no Canadá

A Marcha das Vadias surgiu no Canadá porque, em janeiro de 2011, na Universidade de York, um policial, falando sobre segurança e prevenção ao crime, afirmou que “as mulheres deveriam evitar se vestir como vadias, para não serem vítimas de ataque”. A reação de indignação foi imediata, pois esse pensamento transfere a culpa da agressão sexual para a vítima, insinuando que, de alguma forma, é a vítima que provoca o ataque.

No dia 3 de abril de 2011, em Toronto, aconteceu a primeira passeata pelo fim da culpa da vítima em casos de agressão sexual. Aqui no Brasil organizou-se, no mês seguinte, a Marcha das Vadias, movimento de enfrentamento à violência doméstica. Ao longo de 2011 diversas cidades brasileiras realizaram suas marchas e, no ano passado, mais de 20 cidades organizaram a primeira “Marcha Nacional das Vadias”.