Suposta irmã de Ayellette procura novas informações

Aos poucos aumentam as chances de Ayellette Zamir, 23 anos, encontrar a família no Paraná. Ontem, a equipe de reportagem de O Estado foi procurada pela jovem Cristiane da Silva Bernardes, de 24 anos, que vê na garota brasileira, criada em Israel, a possibilidade de rever a irmã Maristela, desaparecida em maio de 1988, aos 4 anos de idade. Cristiane conta que assim que viu a foto de Ayellette na capa de O Estado, na última quarta-feira, sabia que tinha visto aquele rosto antes.

Entre as informações que Ayellette passou e que Cristiane lembra da infância há muitas coincidências. Como foi revelado na matéria da última quarta-feira, a jovem que vive em Israel lembra de cenas como: ?uma casa perto do mar e de outra menina, provavelmente minha irmã e uma mulher sentada perto de uma banheira pequena de madeira e lavando roupa. Eu lembro que eu brincava com outra menina, talvez outra irmã?. Outro fato que relatou foi que teria ido para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro, onde foi entregue ao casal que a adotou. ?Bati o olho (no jornal) e sabia que já tinha visto aquela garota antes. Fiquei muito perturbada. Nem fui trabalhar. O que mais me chamou a atenção é que, antes dela sumir, fomos para a praia com meu pai, na casa da minha avó. E lembro que eu tinha cinco anos e nós brincávamos muito. Além disso, minha irmã mais velha (por parte de pai) disse que ela costumava lavar as roupas na bacia e pode ser ela. Para mim, é quase certeza que é ela?, diz Cristiane, ainda empolgada.

Cristiane contou que Maristela é sua única irmã por parte de pai e mãe. A mãe, Elizabete da Silva, separou-se do pai, Manoel Carlos Bernardes, e foi embora de casa, deixando as meninas com ele. ?Meu pai tinha o costume de tirar vantagem dos outros usando eu e a Maristela. O que ele fazia era me deixar com uma família um tempo, para que tomassem conta de mim, dizendo que precisava trabalhar. Ele fazia o mesmo com a minha irmã, deixando-a em outras casas. Até que um dia ele a deixou com um casal, que a vendeu. Ela foi levada para São Paulo, depois para o Rio e sumiu. Eu tive acesso a essas informações nos autos da polícia, que vi de manhã (ontem)?, conta ela.

Ela diz que o pai morreu em 2003 e a mãe nunca as criou. Cristiane desde os 13 anos mora sozinha e aos 15 era mãe solteira. Atualmente está casada e com três filhos. ?Se Ayellette for Maristela, ela teve uma vida melhor do que se tivesse ficado aqui. Pelo menos ela teve família e estudo. A vida aqui não foi fácil. Eu queria que ela visse essas fotos, pois é a única coisa que ela lembra de nós?, diz.

Maristela

O caso do desaparecimento de Maristela foi manchete dos jornais em 1988. No mesmo ano, foi detida Felícia Fagundes, de 30 anos, que seria intermediária na venda da pequena menina e de outras crianças desaparecidas no mesmo período. Como apontam as matérias da época, o pai teria entregue a garotinha a Felícia, que prometeu cuidar dela, e levá-la toda semana para visitar o pai. Em seguida, a mulher entregou-a a outra pessoa, que a levou para o Rio de Janeiro. 

Voltar ao topo