Sem-terra negam invasão de fazenda no Noroeste

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) negou que tenha ocupado a Fazenda Pitanga, no município de Uniflor. A Federação da Agricultura do Paraná (Faep) divulgou na última a quarta-feira que a área de 646 alqueires, pertencente à Fonte da Prata Agropecuária Ltda, foi ocupada por vinte integrantes do MST. “Isso é desinformação dos ruralistas. Existe apenas um acampamento na rodovia às margens da estrada próxima à fazenda”, criticou o líder do MST, Roberto Baggio.

Baggio destacou que o aumento no número de ocupações no Paraná se deve a dois motivos: a estagnação do processo na administração passada e a promessa de reforma agrária feita pelo governo Lula. “Acreditamos que Lula está comprometido a fazer a reforma. Em breve vamos ter um plano nacional. Nossa sugestão é que existam metas anuais. No mínimo um milhão de assentamentos por ano”, afirmou.

O superintendente estadual do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Celso Lisboa de Lacerda, confirmou a informação de Baggio sobre a Fazenda Pitanga. Para ele os reflexos da reforma agrária no Estado só serão vistos no ano que vem. “Estamos fazendo vistorias e procurando áreas para desapropriação. Os improdutivos que se cuidem”, alertou, lembrando que pela atual legislação um processo de desapropriação leva no mínimo oito meses. O cadastro do Incra aponta 92 acampamentos, incluindo as ocupações, e 12.460 famílias nessas áreas. “Cadastrados nós temos 60 mil famílias”, comentou.

Para o superintendente, os governos anteriores nunca fizeram reforma agrária. “Eles corriam atrás do movimento e distribuíam terra. Logo teremos um plano nacional de reforma agrária”, prometeu.

Lacerda concorda com o governo do Estado em não utilizar a força para cumprir ordens de reintegração de posse. “Sei que algumas áreas devem ser devolvidas a seus donos, mas de forma pacífica”, opinou.

Provisórios

Não houve consenso e continua o impasse quanto à instalação do primeiro assentamento provisório para trabalhadores rurais, divulgado pelo governo do Paraná, em parte da fazenda que a empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem em Ponta Grossa, a 120 quilômetros de Curitiba. Em reunião ontem na capital, trabalhadores e governo não entraram em acordo. O Estado oferece 150 hectares para assentamento provisório. Já o MST na região quer 1.500 hectares para assentamento definitivo.

Segundo Lacerda, em razão da distância entre as duas propostas não foi possível se chegar a uma decisão. O assunto será discutido novamente pelo governo do Estado. A área de cerca de 4 mil hectares pertence à Embrapa, mas metade está cedida ao Instituto Agronômico do Paraná (Iapar).

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