Ramal adicional da ALL deixa moradores ilhados

Os moradores da Rua Bortolo Pelanda, no bairro Tatuquara, em Curitiba, estão tendo dificuldades para chegar e sair de casa. A empresa América Latina Logística (ALL) construiu uma outra linha ao lado da que já cortava a rua. O problema é que agora o trem fica parado por até duas horas no local, impedindo o acesso dos moradores. Além disso, segundo o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), a empresa não teria alvará para a construção do novo ramal, que se encontra em área de domínio público.

Chegar ou sair de casa é uma operação complicada para os moradores da Bortolo Pelanda. A maioria são chacareiros e muitos precisam cruzar a via várias vezes ao dia. No último sábado foi a vez de Ana Maria Silveira sofrer com o problema. Ela planta verduras na região e para chegar até a plantação precisa cruzar a via férrea. Na hora de ir embora, o trem estava obstruindo a via. "Tivemos que deixar a caminhonete e ir embora a pé. O trem ficou parado lá das 16h até 20h30. Numa emergência ficamos presos aqui", protesta. Ela afirma também que alguns agricultores já tiveram dificuldades até para entregar as verduras.

A família de Jossana Lopes também sofre com o problema. Os filhos dela já chegaram a perder aula. "Eu tenho quatro filhos. O mais velho tem 11 anos e o mais novo, nove meses. Eles são pequenos e eu tenho medo de pular a linha do trem. Pode estar vindo outra locomotiva. É perigoso", reclama. Segundo ela, o problema vem ocorrendo há dois meses e todo dia, em alguns horários, os moradores ficam ilhados. "Quando só tinha uma linha, não havia esse problema", conta. Segundo Jossana, um dos motivos do problema é o viaduto que fica logo após a rua. As duas linhas viram uma só. Quando um trem está passando, o outro precisa ficar parado. Mas algumas vezes, as locomotivas ficam paradas também para manutenção.

Os chacareiros resolveram se unir e foram até a Câmara Municipal de Curitiba pedir ajuda. A presidente da Comissão de Urbanismo e Obras Públicas, vereadora Roseli Isidoro (PT), solicitou ao Ippuc informações sobre o novo ramal. Segundo ela, as informações obtidas junto ao órgão revelam que a nova via é irregular.

O Ippuc emitiu um laudo onde afirma que a rua já existia antes de a linha férrea ter sido construída. Além disso, a ALL não teria alvará para construir o novo ramal e ele também estaria em local irregular: a área é considerada de domínio público.

Na última terça-feira, houve uma reunião na Câmara para discutir o assunto. Participaram os moradores, Ippuc e os vereadores, mas a ALL não compareceu. Um novo encontro ficou marcado para a semana que vem, contando também com a presença da Diretran.

Segundo a assessoria de imprensa da ALL, a empresa não compareceu porque foi comunicada um dia depois da reunião. Agora o setor jurídico está analisado a documentação da via e, até segunda-feira, técnicos irão até o local para emitir um parecer. Com relação ao tempo parado, a assessoria alega que não é comum os trens ficarem assim durante duas horas. Isso, segundo a empresa, só acontece quando ocorre algum problema. De acordo com a ALL, a parada geralmente varia entre 15 e 30 minutos.

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