Protesto fecha Ponte da Amizade pela segunda vez

Motoristas de vans e táxis paraguaios fecharam mais uma vez a Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu, no fim da manhã de ontem. Assim como no protesto anterior, a reclamação é em relação ao rigor da fiscalização da Receita Federal (RF), que está apreendendo veículos paraguaios transportando mercadorias contrabandeadas. A travessia, até o fim da tarde de ontem, estava sendo feita quase que exclusivamente a pé. Taxistas e mototaxistas brasileiros também se juntaram aos colegas paraguaios e ajudaram a fechar a ponte.

No lado paraguaio, as autoridades começaram a fazer retaliação. Desde sábado (11), carros com placas brasileiras estão sendo apreendidos pela polícia de trânsito de Ciudad Del Este. Segundo o prefeito Javier Zacarías Irún, a medida foi tomada depois que a RF brasileira apreendeu, na semana passada, táxis e vans, sendo apenas três do Brasil e 20 do Paraguai.

"Estamos fazendo cumprir a lei, como as autoridades do país vizinho estão fazendo", disse Irún, numa clara alusão a declarações feitas na sexta-feira passada pelo delegado-chefe da Receita em Foz, José Carlos de Araújo, que disse que não iria esmorecer a fiscalização na fronteira.

Na aduana paraguaia, a Guarda Municipal parou todos os veículos com placas do Brasil e os que tinham qualquer tipo de mercadoria foram apreendidos sem muitas explicações. Mais de 100 veículos foram retidos.

Ajuda

O prefeito de Foz, Paulo Mac Donald, anunciou ontem que o município vai auxiliar juridicamente os taxistas, mototaxistas e motoristas de vans que tiveram seus veículos apreendidos nos últimos dias pela RF. Na avaliação do prefeito, os veículos são instrumentos de trabalho e, por isso, não concorda com a retenção, entendendo que não é dever dos taxistas e mototaxistas fiscalizar o que o passageiro traz em suas bagagens.

Mac Donald acionou o Departamento Jurídico da Prefeitura para analisar qual a medida mais adequada para pedir na Justiça a devolução dos veículos paraguaios apreendidos no Brasil. O prefeito esteve também em reuniões no Paraguai, onde pediu às autoridades o fim das retaliações contra os brasileiros. Para amenizar o clima de tensão, o prefeito e o secretário de Assuntos Internacionais, Sérgio Lobato Machado, reuniram-se com representantes dos trabalhadores paraguaios e brasileiros que atuam na região da ponte.

Solução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu intermediar o conflito entre a Receita e os motoristas. A promessa de Lula foi feita sábado ao seu colega paraguaio, Nicanor Duarte Frutos, durante a cerimônia de posse da nova presidente do Chile, Michelle Bachelet. Lula, segundo o jornal ABC Color, de Assunção, disse que, assim que retornasse ao Brasil – o que ocorreu domingo – procuraria as autoridades da RF para se informar dos acontecimentos e negociar uma solução. A apreensão dos veículos levantou também uma onda de protestos contra o Mercosul. Os paraguaios se sentem prejudicados com o Mercado Livre do Cone Sul e aproveitaram o episódio para reforçar a campanha que pede a saída do país do bloco regional.

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