Pontes em estado crítico na divisa com Fazenda Rio Grande

Empresas localizadas no bairro Fazenda Iguaçu, em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), têm uma grande dificuldade de escoar a produção, devido ao estado precário da BR-116, da ponte da estrada sobre o Rio Iguaçu e de uma outra ponte, localizada sobre um braço do mesmo rio, no final da Rua Nicola Pelanda, ainda na capital. Os motoristas dos caminhões de transportadoras e os próprios funcionários destas empresas correm riscos ao passar pelos locais.

A situação mais crítica se encontra na ponte sobre um braço do Rio Iguaçu, ao final da Rua Nicola Pelanda, próximo da divisa de Curitiba com Fazenda Rio Grande. O piso da ponte é de madeira, coberta com uma camada de terra e pedra. Existem seis buracos na ponte, de onde a terra e as pedras caem na água. Se uma chuva mais pesada caísse na região, facilmente parte desta camada seria levada, o que criaria ainda mais buracos.

No local, além de veículos pequenos, passam caminhões pesados que transportam os produtos fabricados nas empresas de parte dos municípios da RMC. Esta ponte é muito usada porque é um acesso rápido ao Contorno Sul. ?A ponte, além de estreita, onde permite o fluxo de apenas um veículo por vez, é uma estrutura que existe há mais de um século, e é notória a precariedade da mesma. Embora seja um acesso secundário, boa parte da produção do Parque Industrial de Fazenda Rio Grande trafega pela Rua Nicola Pelanda, caminho mais próximo ao Contorno Sul, com direção ao norte do Paraná, ao Porto de Paranaguá, ao Aeroporto Afonso Pena e aos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo?, afirma Gastão Fabiano Gonchorovski, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e vice-presidente da Associação Comercial e Industrial de Fazenda Rio Grande (Acinfaz).

Risco total na travessia da ponte ao final da Rua Nicola Pelanda.

Marie-Chantal Dufour Eisenbach, assistente administrativa da SNR Rolamentos -empresa do Grupo Renault que é afetada pelo problema -, conta que existe um grande medo de utilizar a ponte por causa de sua estrutura comprometida. Aconteceram diversos acidentes no local e, inclusive, um carro já caiu na água. A alternativa para fugir desta ponte é o trajeto pela BR-116, que está em um estado ruim de conservação e que recebe um tráfego muito pesado. Os veículos também passam pelo trecho em alta velocidade. A ponte sobre o Rio Iguaçu está sem as proteções de concreto na beira da estrutura, deixando os motoristas ainda mais assustados com a situação.

De acordo com ela, pelo menos dez empresas de grande porte que estão sediadas no bairro Fazenda Iguaçu dependem destes dois acessos para escoar a produção. ?O impacto de tudo isso é muito grande, porque há dificuldades para os clientes nos visitarem. As transportadoras também reclamam muito. Existe medo em passar pela ponte de madeira e a situação está precária na BR-116, mas não temos outras opções?, explica Marie-Chantal.

Para Gonchorovski, Fazenda Rio Grande tem sido alvo de uma grande procura por investimentos empresariais, mas questões estruturais – como é o caso das pontes – comprometem de certa forma o desenvolvimento econômico do município.

Estão previstas obras para a estrutura de madeira

Foto: Chuniti Kawamura/O Estado

Mesmo correndo perigo, moradores têm que atravessar estrutura.

A reestruturação da ponte de madeira sobre o braço do Rio Iguaçu está prevista em um projeto da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), ligada ao governo do Estado, segundo Gastão Gonchorovski. A intenção é estruturar a ligação entre a BR-116 e a Rua Nicola Pelanda. Em uma primeira etapa, obras de pavimentação serão realizadas nas avenidas Araucária e Brasil. Em um segundo momento, se pavimentaria a Rua Francisco Ferreira da Cruz até a Nicola Pelanda, que neste trecho não possui asfalto. Seria nesta etapa que entraria a reforma da ponte.

O projeto foi confirmado pela assessoria de imprensa da Comec, que reafirmou que as obras nas avenidas Araucária e Brasil já foram licitadas, mas houve recurso por parte de empresas que participaram do processo licitatório. Por isso, as obras ainda não foram iniciadas. Os serviços de drenagem, arte corrente, arte especial, sinalização, iluminação, paisagismo e pavimentação nas duas avenidas estão orçados em R$ 6,2 milhões. As obras fazem parte do Programa Integrado de Transporte de Passageiros.

Quanto à BR-116, o engenheiro supervisor do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit) no Paraná, Ronaldo de Almeida Jares, explica que foi aprovada a revisão de projeto para o trecho da estrada entre os rios Iguaçu e da Várzea. O projeto prevê o alargamento e reforço da ponte sobre o Rio Iguaçu, além da duplicação da pista nos perímetros urbanos de Fazenda Rio Grande e Mandirituba. Também será feita a revitalização da sinalização do trecho. A autorização deve sair semana que vem no Diário Oficial da União. As obras começam assim que acontecer a publicação. O serviço está orçado em R$ 2,5 milhões e deve terminar em 180 dias.

Da parte da Prefeitura de Curitiba, no entanto, a informação é que não é possível intervir diretamente na questão. De acordo com o engenheiro civil Marcus Vinícius Senegaglia Jorge, da Secretaria Municipal de Assuntos Metropolitanos, o motivo é que a ponte está localizada exatamente na divisa com o município de Fazenda Rio Grande, dependendo, portanto, dos trâmites burocráticos entre Estado e município.

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