Vício

Paranaenses estão entre os que mais fumam tabaco

O Paraná é o 8.º estado brasileiro em percentual de pessoas de 15 anos ou mais na condição de fumantes diários de tabaco. Separando apenas os usuários de cigarro, o Estado passa para a sexta colocação.

A revelação veio de um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com a colaboração do Instituto Nacional do Câncer (Inca), com base em dados do ano passado.

A pesquisa, considerada a mais completa em relação a números, perfil e hábitos dos usuários de tabaco já realizada no Brasil, entrevistou 51 mil pessoas em 851 cidades brasileiras de todas as regiões.

A média paranaense para fumantes diários de tabaco foi de 18,4%, pouco acima da média nacional, que foi de 17,2%. No caso de fumantes de cigarro, o percentual foi de 16%, contra 14,5% da média brasileira.

De acordo com o cardiologista e técnico da Divisão de Risco Cardiovascular da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), André Langowski, uma das razões para o Paraná ocupar uma posição relativamente alta nesse ranking é o fato de ser o segundo estado produtor nacional de fumo, atrás apenas do Rio Grande do Sul, e também por estar localizado na região sul, apontada pelo estudo como a maior consumidora de fumo, abrigando 19% dessa população.

“Não chega a surpreender que o Paraná esteja nessa colocação. Entretanto, não vejo o Estado em uma situação desfavorável. Estamos trabalhando para reduzir cada vez mais esse número. O Paraná possui, em todas as suas regionais de saúde, ambulatórios para tratamento contra o tabagismo, que contam com médicos, enfermeiros, psicólogos, entre outros profissionais. A situação pode não ser a ideal, mas sem dúvida não está de todo mal”, destaca.

Langowski afirma ainda que a Lei Antifumo no âmbito estadual, que passa a vigorar a partir de amanhã (veja box), pode também ajudar a reduzir esse percentual.

“Com o fim dos chamados fumódromos, a tendência é que o consumo de cigarro venha a cair. Além disso, com toda a campanha extensiva, quanto mais se toca no assunto, mais os fumantes pensam em abandonar o vício”, avalia.

A pesquisa revela ainda que o percentual de usuários de qualquer produto do tabaco que pensam ou planejam parar de fumar no Paraná é de 49,7%, abaixo da média nacional, de 52,1%. No caso dos fumantes que pensaram em parar por causa do rótulo de advertência, a média paranaense foi novamente menor que a do Brasil: 57,4% contra 65%.

Nacional

O dado mais importante obtido pelo levantamento foi o de que já existe no Brasil mais ex-fumantes do que fumantes. Enquanto estes somam 24,6 milhões, aqueles já são 26 milhões de pessoas, que deixaram o vício, em sua maioria, há mais de dez anos. Outro dado importante é que 87,7% dos fumantes fumam diariamente e 52,1% têm a intenção de abandonar o fumo.

A pesquisa mostra que um terço dos tabagistas fumam o equivalente a um maço por dia e que 40% destes acendem o primeiro cigarro ou outro derivado do fumo até meia hora após acordar -o que indica, segundo especialistas, um alto grau de dependência. No último ano, 45,6% dos usuários deixaram de fumar, dos quais apenas 22% procuraram ajuda médica para se livrar do vício.

Lei Antifumo estadual já vigora amanhã

Luciana Cristo

Para contribuir na redução dos índices de tabagismo do Paraná divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entra em vigor a partir de amanhã a Lei Antifumo estadual, dez dias depois do início da fiscalização em Curitiba. Na opinião do secretário estadual da Saúde, Gilberto Martin, proibir o f,umo em estabelecimentos fechados pode ajudar quem tenta parar de fumar.

“A grande maioria dos fumantes tem consciência dos malefícios do cigarro. Nenhum fumante quer que seu filho fume e que esse vício se perpetue, mas todas as facilidades reforçam esse hábito e, para quem está tentando largar, o mais difícil é ter o cheiro do cigarro por perto”, afirma. Segundo Martin, a lei também deve diminuir a quantidade de novos fumantes.

A fiscalização vai começar com uma operação especial feita pelas vigilâncias sanitárias de cada município, que vão se reunir a partir das 18h de amanhã. De início, a ação deve se concentrar na orientação dos estabelecimentos e de seus clientes.

“Apesar da orientação, já vai ser uma ação induzida. Onde tiver ocorrência, vamos pedir para as pessoas respeitarem a lei e será lavrado um termo de intimação com o estabelecimento, que tem um caráter de primeira autuação”, explica Martin.

Se houver reincidência, o estabelecimento será multado em R$ 5,8 mil. Na terceira ocorrência, a multa dobra de valor e o estabelecimento pode ser fechado. Os proprietários devem ainda retirar cinzeiros, caixas de areia e afixar cartazes comunicando sobre a lei.

A fiscalização pode acontecer em conjunto com os cidadãos. Denúncias podem ser feitas na ouvidoria da secretaria de saúde de cada cidade ou na Secretaria de Estado da Saúde, pelo telefone 0800-644-4414 ou e-mail ouvisesa@pr.gov.br.