Ongs na Justiça contra impacto do Caximba

Tramita na Vara Federal Ambiental Agrária e Residual de Curitiba o processo movido pelas organizações não governamentais (ongs) Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária (Amar) e Associação Atmosfera para o Desenvolvimento Sustentável (AADS) referente ao impacto causado pelos resíduos do lixo da região metropolitana, que são depositados no aterro da Caximba. A preocupação das ongs é com o depósito de chorume (líquido gerado a partir da decomposição do lixo) no Rio Iguaçu.

Localizado em uma área de aproximadamente 1 milhão de metros quadrados, a 23 quilômetros ao sul do centro de Curitiba, o aterro da Caximba recebe os resíduos sólidos domiciliares da capital e de outros 14 municípios da região metropolitana. São mais de duas mil toneladas por dia.

Segundo o engenheiro agrônomo José Paulo Loreiro, da AADS, há um laudo técnico que comprova os graves problemas ambientais gerados pela Caximba. Para ele, a principal causa é falha na gestão do aterro. ?Há rachaduras na canalização, acúmulo de lodo nas lagoas que fazem o tratamento do chorume e somente 10 dos 18 aeradores utilizados para despoluir as lagoas estavam funcionando?, conta o engenheiro, que visitou o local há duas semanas.

Segundo o laudo, o chorume, depois de tratado, está sendo depositado no rio com a concentração de 500 miligramas de poluente por litro, enquanto o limite permitido pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) é de 100mg/l. ?É a água do Rio Iguaçu que abastece os municípios do sul do Estado, como União da Vitória. E metais pesados não são diluídos até lá?, lembra a presidente da Amar, Lídia Lucaski.

Outro problema é o desperdício do gás produzido pela decomposição do lixo (biogás), que, segundo Lídia, poderia ser vendido ou utilizado no aquecimento do lixo, aumentando a eficiência do tratamento do chorume.

Prefeitura

Apesar de discordar das afirmações de problemas de gestão e falta de capacidade técnica na administração do aterro, o secretário interino de Meio Ambiente de Curitiba, Mário Sérgio Rasera, diz que a secretaria está cumprindo e pretende cumprir tudo o que for tratado em juízo. ?Já apresentamos um plano de controle ambiental que foi aceito pela Amar. Está marcada para janeiro de 2007 uma audiência pública para apresentar o cronograma das ações desse programa, mas também estamos dispostos a adotar medidas imediatas se forem necessárias?.

O secretário destaca que o Rio Iguaçu é constantemente monitorado e que já é comprovado que o depósito de chorume, 100% tratado, não eleva o nível de poluição do rio. Sobre as rachaduras, ele diz que é um processo normal, devido ao assentamento do aterro, mas que a manutenção é constante, assim como a dos aeradores. Quanto ao nível de poluição do chorume, ele lembra que os índices exigidos pelo Paraná são os mais rigorosos do Brasil, ?mas não estamos poupando esforços para nos adequarmos aos níveis do nosso Estado?.

Rasera salienta que o aterro deveria ter parado de receber lixo em 2000, mas, por falta de um novo depósito, teve de ser ampliado. A vida útil é até 2008. ?Estamos discutindo com os outros 14 municípios e com o governo do Estado novas tecnologias para o tratamento de resíduos urbanos?.

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