Porto seguro

Nariman retorna ao Paraná após drama no Líbano

Chegou ao fim o drama da paranaense Nariman Osman Chiah, 21 anos, e do filho Abbás, de 6 anos, que fugiram do Líbano na última semana. Eles desembarcaram ontem, por volta das 10h30, no aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, e foram recebidos pela família. Nariman estava muito emocionada e não conseguia falar.

Assim que avistou a mãe, Nariman a abraçou e as duas choraram juntas, num misto de felicidade e alívio. A família seguiu junta para sua casa em Matinhos, no litoral do Estado.

Grávida de cinco meses, Nariman foi impedida pelo marido, o comerciante Ahmad Helaihel, de deixar o Líbano com o filho. Os dois brigavam muito e por diversas vezes ele a agrediu.

Depois de quase dois meses de tentativas de fuga frustradas, Nariman e Abbás conseguiram chegar à Síria no último final de semana, onde pediu ajuda à embaixada brasileira em Damasco.

O pai de Nariman, Osman Chiah, conta que eles pagaram um grupo de atravessadores para ajudar a filha e o neto a entrarem ilegalmente. “Foi tudo muito difícil, e nós sofremos muito. Agora felizmente tudo acabou bem”, comemora Osman.

À tarde, em casa, Nariman e a família atenderam à imprensa. Nariman contou que as agressões começaram já na primeira semana de Líbano. “Éramos jogados no chão e chutados. Ele chegou até a puxar uma faca contra mim”, disse.

“Um mês depois do início das agressões, decidi fugir, mas ele rasgou o passaporte do meu filho e registrou um documento no aeroporto me impedindo de deixar o país”, explicou.

Nariman e o filho, então, buscaram refúgio na Embaixada Brasileira no Líbano, que providenciou um novo passaporte para Abbás, mas não conseguiu solucionar o impasse para que eles pudessem embarcar para o Brasil.

Assim, após um mês e meio abrigada em um refúgio para mulheres vítimas de violência de maridos, ela decidiu fugir, a pé, para a Síria. “Passamos por morros, pedras e rios até chegar na fronteira, onde dei uma ‘gorjeta’ para um guarda nos deixar passar e fui direto à Embaixada do Brasil. Lá, fiquei alojada em uma biblioteca até que conseguiram regularizar minha situação”, narrou.

Para ela, o mais difícil de tudo foi sempre pensar na possibilidade de não conseguir chegar ao Brasil. “O pior era o medo de não conseguir fugir. Não tinha um plano B, mas para a casa do meu marido eu não voltava mais. Agora vou morar aqui em Matinhos, trabalhar com meus pais, viver para meus filhos e nunca mais sair do Brasil”, declarou.