Museu tem acervo com peças encontradas no lixo

Você sabia que aquela velharia, que estava só ocupando espaço e foi para o lixo, pode ter virado uma peça de museu? Quem duvida precisa ir até Campo Magro, na Região Metropolitana de Curitiba, e conhecer o acervo histórico da Unidade de Valorização de Recicláveis (UVR). Lá, objetos encontrados nos caminhões do “Lixo que não é lixo” são expostos como relíquias e vistos por mais de 2 mil visitantes todos os meses, em uma lição sobre a importância da reciclagem e da preservação dos recursos naturais.

A UVR funciona em uma área de propriedade da prefeitura de Curitiba e é administrada pelo Instituto Pró-Cidadania (IPCC). O local recebe todas as semanas cerca de 200 toneladas de lixo reciclável, o que equivale a 35% de todo o material recolhido pela coleta seletiva na capital. No meio de tanta coisa jogada fora, objetos como máquinas de escrever, câmeras fotográficas, rádios, móveis antigos, obras de arte, roupas, fotografias e todo tipo de raridade foram reunidos em um incrível e curioso museu.

Marco André Lima
Acervo histórico inclui mais de 7 mil peças encontradas nas esteiras de separação da Unidade de Valorização de Recicláveis.

“Temos mais de 7 mil peças, todas encontradas nas esteiras de separação de recicláveis. Não aceitamos doações, pois isso iria descaracterizar o museu”, diz Mariane Sista Gurski, monitora que guia os visitantes pela unidade. “Começou como passatempo de um funcionário, que gostava de colecionar selos, cédulas e peças antigas. Ele levava para casa, mas logo juntou coisas demais e decidiu trazer de volta pra cá, já com a ideia de montar um museu do lixo que não é lixo”, explica.

Duas peças de grande valor

Aberto ao público em 1996, o museu tem duas peças apontadas como as mais valiosas em exposição: a réplica de uma face de mármore de origem grega que está no Museu do Louvre, em Paris, e um mapa de Curitiba de 1857. Mas Mariane, que trabalha há sete anos na UVR, já viu muitos outros objetos curiosos saírem do meio do lixo. “Fiquei surpresa com essa estátua de um hominídeo, que chegou inteirinha, mesmo sendo de isopor. E também com as pratarias. São coisas que eu nunca jogaria fora”, comenta. O museu conta ainda com uma biblioteca com mais de 1.500 livros, também encontrados nas esteiras, que podem ser emprestados por quem trabalha na unidade.

Marco André Lima
Mariane: começou como passatempo.

Os 225 funcionários que trabalham na separação do lixo reciclável muitas vezes também ficam impressionados com os materiais que encontram. “Sempre aparece muita coisa curiosa. Me chama a atenção a quantidade de sapatos e roupas boas que as pessoas jogam fora. Com tanta gente precisando, poderiam ter mais cuidado e doar para alguma instituição”, diz Mariza Nilczwski, que mora em Campo Magro e trabalha há quatro anos na usina de reciclagem.

Serviço

A UVR e o Museu do Lixo que não é Lixo ficam na Rua Mauro Medeiros Gama, com acesso na altura do Km 21 da Estrada do Cerce (PR-090), em Campo Magro, a cerca de 35 quilômetros do centro de Curitiba. O local é aberto a visitas de segunda a sexta-feira, das 8h às 15h.

Marco André Lima
Mais de 2 mil visitantes passam mensalmente pelo museu que expõe objetos encontrados na coleta de recicláveis.
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