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Morador ajuda a transformar a Vila Torres com ‘atitude’

Atitude, autoestima e dignidade. É com esse tripé que José Francisco Sanches, 55 anos, morador da Rua Manoel Martins Abreu, há sete anos faz da Vila Torres um lugar melhor para se viver a partir de ações em prol da comunidade. O apelido dele – “Baleia” – dá nome a um dos seus projetos mais antigos, uma pracinha criada por ele, em 2005, com materiais reaproveitados do lixo e que conta com diversos vasos de plantas medicinais ou frutíferas que são utilizados por toda a vizinhança.

A ideia de intervir positivamente no local onde mora veio da experiência acumulada nas diversas vezes que deixou o país para trabalhar no Japão. “Aprendi o quanto a comunidade toda sai ganhando, quando agimos pensando no grupo”, explica.

Marco André Lima
Baleia: “Dá para sobreviver sem explorar o outro por meio de um lucro abusivo”.

Também veio do Japão o dinheiro economizado por ele para comprar alguns imóveis que garantem a renda da sua sobrevivência e o espaço para ele acolher pessoas, nos quartos que ele aluga por valores irrisórios (R$ 15 por semana ou R$ 60 por mês) ou nos espaços para atividades comerciais com o mesmo viés de ofertar serviços a preços acessíveis.

O ex-taxista e atual cabeleireiro da rua, Sr. Enoque, é um dos empreendedores que montaram o seu negócio nesta proposta. O corte de cabelo custa R$ 5, mas ele também atende gratuitamente pessoas carentes. “Eu quero os clientes que ninguém quer, não concorro com os demais salões da vila”, explica.

Para Baleia, o importante é que todo mundo trabalhe com o intuito de ajudar o próximo e obter uma remuneração justa pelo trabalho. “Dá para sobreviver sem explorar o outro por meio de um lucro abusivo”, ensina. Além do salão de cabeleireiro, o local conta com uma frutaria e na semana que vem terá uma academia comunitária.

Marco André Lima
Enoque faz cortes a R$ 5.

No ritmo da Copa

A rua também se prepara para o Mundial de 2014. A pracinha já estampa as cores verde e amarela e o objetivo é pintar três bandeiras gigantes, nos primeiros meses do ano que vem. “Assim como fazemos aos sábados, que é o dia do churrasco na rua, faremos uma grande festa durante a Copa”, conta. Outro projeto para o futuro é transformar o atual Museu do Baleia, um galpão onde são guardadas as relíquias encontradas no lixo, no Museu da Vila Torres. “São raridades que recuperam a nossa história e que os coletores de lixo da Vila me entregam. Só falta um espaço adequado para valorizar o nosso acervo”.

A comunidade também está envolvida na missão de sensibilizar o poder público municipal sobre a necessidade de um transporte escolar para a vila. “Estamos recolhendo assinaturas para entregar ao prefeito quando chegarmos a 250 assinaturas”, antecipa.

Marco André Lima
Um dos projetos é transformar acervo de relíquias no Museu da Vila Torres.

Assista no vídeo o que ‘Baleia’ diz sobre o Museu da Vila Torres.