Militares lembram legado deixado pelo seu patrono

Como já é tradição de 21 de abril, uma solenidade na Praça Tiradentes, em Curitiba, lembrou a morte de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira e patrono de todas as polícias militares do Brasil. Participaram autoridades civis, líderes religiosos, maçônicos e militares. Houve desfile de cadetes da PM e da banda da polícia.

Para o comandante-geral da PM do Paraná, coronel David Antônio Pancotti, a polícia carrega o exemplo de Tiradentes no seu dia-a-dia. “Cada vez mais nosso soldado tem de conhecer os feitos heróicos desse mártir”, explicou. Para o comandante, o zelo pela vida e liberdade que Tiradentes demonstrou devem nortear a ação dos policiais militares. “É esse nosso dever constitucional: proteger o cidadão.”

As homenagens a Tiradentes aconteceram também em outra cidades do Estado, em quartéis da PM. Na capital, durante todo dia de ontem, a imagem de Tiradentes, na praça que leva seu nome, foi protegida por oficiais da PM.

Histórico

Joaquim José da Silva Xavier nasceu na Fazenda do Pombal, entre São José del-Rei (atual Tiradentes) e São João del-Rei, em 1746. Perdeu pai e mãe ainda criança e foi educado pelo seu padrinho, que lhe ensinou noções práticas de medicina e odontologia. Morreu solteiro, mas consta que manteve relações com uma viúva, moradora nos arredores de Vila Rica, com a qual teria tido um casal de filhos. Com pouco mais de 30 anos, sentou praça no Regimento dos Dragões de Minas Gerais, sendo nomeado pela rainha D. Maria I, em 1781, comandante de patrulha do Caminho Novo, estrada na qual eram transportados para o Rio de Janeiro o ouro e os diamantes extraídos na Capitania de Minas Gerais.

Sonhador e idealista, Tiradentes envolveu-se profundamente na Inconfidência Mineira. Em 1787, pediu licença de seu regimento e viajou para o Rio de Janeiro, onde conheceu José Álvares Maciel, recém-chegado da Europa com novas idéias políticas e filosóficas. De volta a Vila Rica, em 1788, passou a divulgar publicamente os ideais do movimento, intensificando sua articulação.

Denunciada a conspiração por Joaquim Silvério dos Reis, em 1789, Tiradentes foi preso no Rio de Janeiro, permanecendo incomunicável numa masmorra por quase três anos. Durante o processo de investigação, denominado “devassa”, foi ouvido quatro vezes e confrontado com seus denunciadores e co-réus. Em princípio negou tudo, mas diante de outros depoimentos assumiu a responsabilidade do levante, inocentando os demais conspiradores. Sua sentença de morte foi lida em 18 de abril de 1789 e, três dias depois, foi executado em forca erguida no campo da Lampadosa (hoje Praça Tiradentes), no Rio de Janeiro. Além de enforcado, Tiradentes foi decapitado e esquartejado, sua cabeça exposta em Vila Rica e os quatro quartos do corpo dependurados em postes ao longo do Caminho Novo, que ele tantas vezes percorreu. Seus bens foram confiscados e sua memória declarada infame.

Em 9 de dezembro de 1965, Tiradentes foi proclamado patrono cívico da nação brasileira.

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