CCR e Infraero terão que explicar

‘Maior pista do Sul do país’ em aeroporto do Paraná tem atraso na homologação

Extensão que tornou a pista do Aeroporto de Foz do Iguaçu a maior do Sul do país aguarda homologação para uso desde a inauguração, em 2021. Foto: Jonathan Campos/AEN

A Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu (PR) vai notificar a Infraero e a CCR Aeroportos para prestarem esclarecimentos sobre o atraso na homologação da extensão da pista de pousos e decolagens do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu, localizado na região de fronteira com o Paraguai. A estrutura de cerca de 600 metros foi inaugurada em abril de 2021, mas até agora não é utilizada.

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Em entrevista à Gazeta do Povo, o presidente da Câmara, vereador João Morales (União) ponderou que se a homologação tivesse sido concluída, o terminal do aeroporto estaria recebendo mais voos, tanto de passageiros quanto de cargas.

“Queremos explicações dos órgãos competentes sobre por que não foram feitas as adequações exigidas pela Anac para liberar a pista em toda sua extensão. Até o momento não houve nenhuma manifestação para sanar este problema. Um empurra para o outro e ninguém resolve”, disse Morales.

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A vereadora Anice Nagib Gazzaoui, presidente da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento, Turismo, Indústria e Assuntos Fronteiriços de Foz do Iguaçu, reforçou que a falta de homologação está afetando negativamente a região. Caso a pista estivesse totalmente disponível para uso, apontou, novas rotas aéreas poderiam estar atendendo a região.

“Não quero entrar no mérito se a culpa é da CCR ou da Infraero, mas nós como município precisamos que se resolva esse problema. Ambas têm responsabilidade, e precisam se unir para dar essa resposta à população. É muito importante que haja esse retorno por parte das duas sobre os questionamentos que a Câmara está apresentando”, completou.

Concessão à CCR Aeroportos e inauguração da extensão da pista ocorreram no mesmo dia

O impasse a que o vereador se refere existe desde o dia 7 de abril de 2021. No período da manhã, a CCR Aeroportos arrematou os terminais de Afonso Pena e Bacacheri, em Curitiba; José Richa, em Londrina; e o Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu em um leilão promovido pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). À tarde, a extensão da pista foi inaugurada, contando com a presença do governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) e do então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).

Para deixar a pista com os 2,8 mil metros atuais – o que a torna a maior em aeroportos do Sul do Brasil – Infraero e Itaipu Binacional investiram cerca de R$ 54 milhões. Não à toa, autoridades federais e estaduais comemoraram o que poderia vir a ser um marco na economia e no turismo de toda a região.

CCR Aeroportos afirma que está cumprindo exigências do contrato de concessão

Além do asfalto e da pintura da pista, porém, eram necessárias estruturas de iluminação e sinalização de segurança que desde então seguem sem terem sido instaladas. Questionada sobre a situação, a CCR Aeroportos respondeu, em nota, que todas as exigências previstas no contrato de concessão estão sendo cumpridas e que as “intervenções estruturais da Fase I-B estão sendo executadas e serão concluídas até o final deste ano”.

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A concessionária segue, afirmando que “está empenhada na busca por soluções junto ao Poder Concedente e à própria Infraero diante da não conclusão da implantação da sinalização horizontal e equipamentos de auxílio à navegação aérea, entre outros elementos, por parte da Infraero”. Especificamente sobre o impasse, a CCR Aeroportos afirmou apenas que “a empresa está dialogando com o órgão regulador na busca de uma solução que viabilize a homologação da pista”.

Infraero afirma que não tem mais competência administrativa sobre Aeroporto de Foz do Iguaçu

A Infraero, por sua vez, reiterou à reportagem da Gazeta do Povo que não tem mais competência administrativa em nome do Aeroporto de Foz do Iguaçu. Para o órgão, cabe à operadora que assumiu o aeroporto realizar todas as ações necessárias para viabilizar a operação.

Em nota, a Infraero explicou que repassou à CCR Aeroportos a documentação técnica e administrativa dos processos de homologação dos equipamentos luminosos instalados na ampliação da pista de pousos e decolagens. “Ainda assim, a Infraero se coloca à disposição para fornecer outras informações, reforçando que perante as cláusulas do contrato de concessão, cabe à operadora que assumiu o aeroporto realizar todas as ações necessárias para viabilizar a operação do aeroporto, conclui.

Indefinição atrapalha captação de novas rotas aéreas, afirma secretário de Turismo

Meses depois da inauguração da extensão da pista, a possibilidade de novas rotas operando no Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu ganhou força durante a viagem de uma comitiva do governo estadual aos Emirados Árabes Unidos. Apresentando o potencial turístico paranaense a representantes da empresa aérea Emirates, o governador Ratinho Junior buscava a concretização de um voo direto entre Dubai e Foz do Iguaçu.

Dois anos depois da viagem, o governo do Paraná respondeu, por meio de sua assessoria de comunicação, que uma comitiva da Emirates viria ao Paraná para a elaboração de estudos. Por parte do Executivo paranaense não houve mais informações sobre quando se daria essa visita.

Já a empresa aérea descartou prontamente a possibilidade de voos diretos entre Dubai e Foz do Iguaçu. “A Emirates continua avaliando suas operações ao redor do mundo e lançaremos novas rotas que atendam a demanda do mercado de acordo com as prioridades comerciais e dinâmicas operacionais. No entanto, a Emirates não tem planos firmes de iniciar serviços para Foz do Iguaçu”, informou uma nota oficial da companhia enviada à Gazeta do Povo.

As tratativas mais recentes envolvem uma aproximação com uma companhia aérea do Panamá, diz o secretário municipal de Turismo de Foz do Iguaçu, André Alliana. Caso se concretize, explicou ele à reportagem, essa nova linha será uma opção a mais para a chegada de turistas norte-americanos, uma das nacionalidades que mais visita os atrativos da cidade.

Para que essa possibilidade se torne real, destacou, é importante que a homologação da extensão da pista do aeroporto saia do papel. Voos mais longos, disse o secretário, utilizam aviões maiores que precisam de pistas adequadas. E o terminal de Foz do Iguaçu teria condições de comportar esses voos caso o imbróglio tivesse sido encerrado.

“Tivemos algumas informações recentes de que o processo estava perto de uma definição, e estamos nesta expectativa. Nosso papel é o de fazer pressão, e é isso que estamos fazendo. Afinal, o município é só um cliente neste processo de concessão, e essa indefinição está impactando uma economia que depende diretamente do turismo”, afirmou.

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