Litoral cobra investimentos do Estado

Ter paciência. Essa foi a única afirmação positiva que os comerciantes de Matinhos tiveram por parte do governo do Estado em relação a obras de melhoria no litoral para a próxima temporada. Um grupo de representantes da Associação Comercial e Empresarial (Acima) se reuniu ontem com o secretário de Desenvolvimento Urbano, Luiz Forte Netto, para entregar uma pauta de reivindicações. Porém, eles saíram do encontro desanimados.  

No documento entregue pela Acima, eles pedem providências sobre a revitalização da orla marítima, algo que já vem sendo solicitado desde outubro de 2005. Na época, inclusive, receberam como resposta a promessa do próprio governador Roberto Requião de obras de recuperação, o que não aconteceu até hoje. A entidade também cobrou a aplicação do projeto de engordamento da praia, cujas obras também estavam previstas para ocorrer há dois atrás. Outra reivindicação dos comerciantes diz respeito à balneabilidade das praias que, segundo eles, está comprometida pela falta de conclusão das obras de saneamento, que envolvem os contratos da empresa Pavibras e a Sanepar.

O secretário Forte Netto foi logo descartando que a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedu) não tem a competência de realizar obras, e que apenas viabiliza os recursos para a execução através de financiamentos. Porém comentou que já existe um programa de recuperação da orla, orçado em R$ 25 milhões, que deve acontecer em três etapas. A primeira seria a quebra das correntes marítimas, que consiste na colocação de esporões de pedras para diminuir o avanço do mar. A outra é a recomposição do barranco da praia. Já a terceira etapa é o engordamento da praia com a areia que será retirada do Canal da Galheta, no Porto de Paranaguá. Mas nenhuma dessas obras tem previsão para começar. ?Eles vão ter que esperar um pouco, ter mais paciência?, disse o secretário, que garante que esses problemas são antigos.

Com relação à balneabilidade, o diretor de engenharia da Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Sudersha), João Samek, adiantou que o Instituto Tecnológico Simepar, órgão responsável por análises meteorológicas, deve concluir até julho um estudo sobre a micro e macrodrenagem do solo de Matinhos, que em resumo, consiste em desviar as águas fluviais para o Rio Guaraguaçu. Ele ressaltou que até hoje o litoral só recebeu obras pontuais, e que agora esse tipo de situação será atacada como um todo. Sendo otimista, ele acredita que alguma obra desse projeto ainda possa começar em 2007.

Desânimo ao final da reunião

Foto: Fábio Alexandre
Adalto: ?Sem condições?.
Foto: Fábio Alexandre

Mário: ?Falta de vontade?.

Os comerciantes saíram desanimados da reunião pois prevêem mais uma temporada de dificuldades. ?O que vemos é falta de vontade e prioridade?, afirmou o diretor de comunicação da Acima e comerciante há 25 anos em Matinhos, Mário Costa. Segundo ele, o próprio governo prejudica o litoral com a divulgação sistemática e alarmante de pontos impróprios de balneabilidade, o que provocou o cancelamento de 40% da reservas para casas de veraneio.

O vice-presidente da Acima e empresário do ramo de combustíveis em Matinhos há cinco anos, Adalto Mendes, diz que o setor vive de promessas, pois o governo do Estado joga a responsabilidade das obras através de uma parceria com a Prefeitura. ?Os municípios do litoral não têm condições de endividamento e o governo não pode se furtar da sua responsabilidade, pois o litoral é do Paraná?, disse.

Ele citou ainda que durante um trabalho de fiscalização da Receita Estadual alguns comerciantes foram indagados sobre a queda na arrecadação, quando foi levantada a suspeita de sonegação. ?O problema é que a arrecadação caiu ao longo desses dez anos quando os turistas sumiram do litoral, e por isso não se arrecada como antes?, finalizou.

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