Hoteleiros fazem a festa no final de ano

Eleições, alta do dólar, inflação, juros, transição de governo. Tudo isso fez com que 2002 fosse um ano turbulento. Se em alguns setores a crise já fez estrago e deixa um perspectiva ruim para 2003, na área hoteleira a situação é um pouco melhor, principalmente com a proximidade do Ano Novo. Esta é uma das poucas datas em que os estabelecimentos conseguem alcançar ocupação total.

As dificuldades que 2002 trouxe deixaram alguns administradores de hotéis preocupados e esperando uma ocupação abaixo da totalidade. “Todo mundo fica temeroso com essas coisas”, diz Vanilda Soares dos Santos, gerente do Hotel Praia e Sol em Matinhos, litoral do Paraná. Mas, confirmando a boa tradição de outros anos, os hotéis de Foz do Iguaçu e do litoral do Estado e de Santa Catarina comemoram, e muito, a chegada do Ano Novo. “Reveillon é uma data que sempre lota”, afirma Jerry Hames, gerente comercial do Hotel Blumenau, de Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina. “Tem gente que vai procurar mas não vai achar mais lugar”, completa. Mesmo com a crise, as pessoas procuram fazer algo diferente nesta data especial. “Todo mundo precisa parar um pouco e descansar para começar bem mais um ano”, diz Adão Alves, gerente geral do Mabu Termas e Resort, em Foz do Iguaçu.

O principal termômetro do setor hoteleiro para conferir se terá um bom final de ano é a procura antecipada por reservas. Dependendo da localidade, e também do hotel, o turista corre para achar um lugar. “Quando a procura começa cedo, a gente sabe que a temporada vai ser boa”, revela Rodrigo Nunes, gerente geral do Marambaia Cassino Hotel, em Camboriú. Para outros, a consulta tardia por reservas significa ansiedade até a proximidade do reveillon. “Tem gente que fica esperando ver o que acontece e deixa para última hora”, comenta Paulo Roberto Socachewsky, proprietário do Hotel Santa Paula, em Guaratuba.

Segundo os hotéis consultados pela reportagem, a procura por reservas começa em agosto e setembro. Mas poucos estabelecimentos conseguiram ocupar totalmente as suas vagas muito cedo, como o Hotel Bourbon, em Foz, que vendeu quase todos os pacotes entre agosto e outubro. A maioria garantiu uma grande parcela das reservas no período entre o final de novembro e segunda quinzena de dezembro.

O reveillon e o começo de 2003 tem tudo para agradar, principalmente, os hotéis de Balneário Camboriú. Em 2001, depois do estouro da crise da Argentina, muitos estabelecimentos tiveram resultados ruins. “No ano passado, muitos lugares estavam reservados para os argentinos e de uma hora para outra, por causa do corralito, todos cancelaram as reservas”, diz Jerry Hames, do Hotel Blumenau. “Criou-se uma expectativa fora do comum em 2001 e aconteceu tudo aquilo. Agora a política é mais pé no chão. Os resultados de 2002 não vão bater recordes, mas já são melhores do que o ano passado”, conta Rodrigo Nunes, do Marambaia Cassino Hotel.

Com a alta do dólar, o turismo interno cresceu e as opções perto das cidades onde os turistas moram foram algumas das mais aceitas. Exemplos disso são Foz do Iguaçu, Balneário Camboriú e litoral paranaense. “Já que não tem dinheiro para ir para o Nordeste ou para o exterior, vem para cá mesmo, perto de casa”, revela Vanilda Santos, do Hotel Praia e Sol, de Matinhos. Ela conta que gente de Curitiba, interior do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul sempre se hospedam no hotel neste período.

No Hotel Blumenau, em Camboriú, os hóspedes vem de diversos lugares como São Paulo e Paraná. Dos paranaenses, 80% são curitibanos. “Isso acontece porque a distância não chega a 600 Km e as pessoas vêm por conta própria”, comenta Jerry Hames, gerente do hotel.

A mesma situação ocorre em Foz do Iguaçu. Os visitantes do Mabu Termas e Resort vêm do Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, mas a maioria é de todas as regiões do Paraná. O gerente geral do Mabu, Adão Alves, explica que o hotel recebe muitas famílias e que elas vão até Foz de carro devido à distância.

Investir no reveillon dá bom retorno

Para que o turista não se preocupe no Ano Novo, alguns hotéis realizam festas e ceias especiais na virada. Em certos estabelecimentos, estes são justamente os atrativos principais. Algumas das recepções mais conhecidas são as de Foz do Iguaçu. O hotel Mabu Termas e Resort, que já tem quase 95% de ocupação, fará no reveillon uma festa black-tie. “Dá glamour para a festa”, revela Adão Alves, gerente geral do hotel. A noite também terá um show pirotécnico de 20 minutos e apresentações da Família Lima e de uma banda. Quem vai se hospedar no hotel comprou um pacote de cinco diárias no sistema all-inclusive, com tudo incluído, inclusive as bebidas. Nestes cinco dias, o hotel oferece diversas festas típicas para os visitantes, além das piscinas com águas termais e a recreação. A diária do pacote para o Ano Novo custa R$ 685 por pessoa.

O Hotel Rafagnin foi o primeiro de Foz a realizar comemorações de ano novo, há 16 anos. A assessora comercial do hotel, Maria José Vieira, explica que muitos hóspedes vêm passar o Ano Novo desde a primeira edição da festa. Este ano o Rafagnin, que já está lotado, vai reunir 1.600 pessoas em uma ceia de reveillon. Mais de 200 funcionários vão estar a postos nesta noite especial. Para desfrutar da virada do ano no hotel, o pacote de 5 diárias all-inclusive custa R$ 2.502,00, à vista, para 2 pessoas.

Segundo o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Foz, Carlos Alberto Tavares, onze hotéis oferecem este tipo de serviço. Para ele, o Ano Novo na cidade é badalado. “Já é uma tradição nossa. A cada ano que passa mais hotéis fazem festas no reveillon”, conta.

As festas não são exclusivas de Foz. Em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina, alguns hotéis também fazem recepções na virada do ano. O Marambaia Cassino Hotel, que já tem 100% de ocupação para a data, realiza um baile com animação de uma banda e um jantar. A mesa para quatro pessoas custa R$ 380,00. O hotel só aceitou clientes em pacotes de 7 dias, com uma diária que custa R$ 225,00. O Marambaia também faz festas típicas e atividades especiais para os hóspedes.

No litoral

Alguns hotéis do litoral paranaense também fazem comemorações especiais para o Ano Novo. Estabelecimentos de Caiobá e Guaratuba realizam jantares com música ao vivo e queima de fogos. Os hotéis também só aceitam reservas com um mínimos de diárias, que pode chegar a oito. No Hotel Candeias, de Guaratuba, está programada uma ceia para 500 pessoas.

Fazer uma comemoração com baile, jantar, queima de fogos, não é fácil. Segundo Maria José Vieira, do Hotel Rafagnin, de Foz do Iguaçu, o planejamento e a realização das tarefas acontece durante todo o ano. “A festa vai até as cinco horas da manhã do dia 1º. As 8h do dia 2 a gente já está pensando na festa de final de ano”, conta. “A organização de uma festa como essa é complicada. Dá para ficar bem louca. Tem que deixar tudo perfeito, não faltar mesa, cadeira, comida. Mas é muito legal e sempre acaba dando certo”, afirma Eliana Regina Pereira, gerente do Hotel Candeias, em Guaratuba.

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